O padre Julio Lancellotti foi um dos nomes mais comentados nas redes sociais no final de semana que se iniciou no sábado (20.jan.2024). Reportagem da Revista Oeste diz que uma perícia confirmou a realização de uma videochamada íntima entre ele e um menor de idade. O sacerdote nega todas as acusações.
O caso foi compartilhado em massa por opositores do padre –geralmente ligados à direita. Durante a repercussão do texto, outras duas perícias viraram assunto nas redes: uma afirmava confirmar a acusação e a outra dizia que as gravações foram adulteradas.
Leia abaixo o que diz cada perícia:
Tirotti Perícias Judiciais e Avaliações
Professor Mário Gazziro, da UFABC (Universidade Federal do ABC)
Perito Onias Tavares de Aguiar
Todos os 3 responsáveis pelos laudos já foram mencionados em outras ocasiões por veículos de imprensa.
A Tirotti Perícias Judiciais e Avaliações foi contratada pela revista Veja em uma reportagem de 2021 sobre cartas escritas na prisão por Adélio Bispo, homem que esfaqueou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em seu perfil no Instagram, o perito Reginaldo Tirotti, dono da empresa, publicou fotos que indicam apoio às causas da direita e com críticas ao “comunismo”. O Poder360 tirou print das publicações no sábado (20.jan), mas a página foi retirada do ar pouco tempo depois. Eis abaixo um exemplo:
Mário Gazziro foi um dos especialistas escutados pelo projeto de verificação de informações Comprova em um texto publicado no portal UOL em 2022. A notícia dizia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi o responsável por gravar um áudio com ameaça de morte a Antonio Palocci, ex-ministro da Casa Civil.
O Perito Onias fez um laudo para o portal G1em 2017 sobre um caso que envolve o assassinato de uma família por um jovem no Estado de São Paulo.
O Poder360 entrou em contato via e-mail com os peritos mencionados em busca de comentários adicionais ou novos posicionamentos. Não obteve resposta de Onias Tavares de Aguiar e da Tirotti Perícias Judiciais e Avaliações até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
Uma das primeiras menções do vídeo atribuído a Julio Lancellotti se deu por parte de Arthur do Val, conhecido por seu canal no YouTube Mamãe Falei. Arthur do Val teve seu mandato cassado em 2022 depois de dizer que refugiadas “são fáceis porque são pobres”, em referências às mulheres ucranianas.
O ex-deputado disse ter recebido as imagens de uma pessoa que acompanhava sua campanha de candidato a prefeito em 2020. Afirma que contratou a perícia de Onias e levou o material para o Ministério Público –que arquivou as investigações em 2021 por “falta de materialidade”. Procurado pelo Poder360, o ex-deputado estadual reafirmou o que havia dito.
A gravação mostra um homem mais velho se masturbando em uma aparente videochamada com uma 2ª pessoa que mantém a câmera desligada. Também apresenta uma suposta troca de mensagens entre o indivíduo e um menor de idade.
Reportagens sobre o caso foram feitas à época. A Revista Piauí publicou um texto intitulado “A armação do MBL contra Julio Lancellotti”.
Com a reportagem da Revista Oeste, o assunto voltou à tona. O laudo mencionado pelo veículo foi enviado pelo vereador Rubinho Nunes. Em um vídeo publicado em seu perfil no X (ex-Twitter), o político diz que teve acesso à gravação enquanto colhia informações para a instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
O Poder360 contatou o político, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Opositores ao governo Lula compartilharam a publicação em massa nas redes sociais, como os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP).
Segundo a reportagem da Revista Oeste, os materiais serão enviados para análise da Arquidiocese de São Paulo. A igreja foi procurada pelo Poder360 via assessoria de imprensa, mas não enviou um posicionamento até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
Rubinho Nunes é o autor do requerimento para a realização de uma CPI que visa a investigar a atuação de ONGs e do padre Julio em ações sociais no centro de São Paulo.
Pessoas ligadas à esquerda repercutiram a possibilidade de investigação de forma negativa e outros vereadores retiraram as assinaturas do requerimento. A frase “protejam o padre Julio Lancellotti” foi compartilhada em massa nas redes sociais.
Aliados de Lula criticaram a atitude dos vereadores e também citaram a frase em defesa do sacerdote em seus perfis. Dias antes, o presidente da República publicou uma foto de comemoração ao aniversário de Julio.
O padre usou suas redes sociais para compartilhar as reportagens da revista Fórum que apresentam a perícia opositora a da Revista Oeste. Nas legendas das publicações, constavam somente a palavra “importante”.
Eis o que foi publicado no perfil do Instagram da publicação:
Em uma missa realizada na manhã de domingo (21.jan), o padre abordou o assunto. Agradeceu “imensamente a todos que tem manifestado carinho e solidariedade” e afirmou que o objetivo das publicações é atingi-lo.
O Poder360 ligou para o padre e enviou mensagens via WhatsApp em busca de novos posicionamentos e comentários sobre o caso. Ele enviou o link da reportagem da Fórum e o print da publicação abaixo:
Questionado se esse seria seu posicionamento oficial ou se iria fazer outro comentário, ele não respondeu. O espaço segue aberto.
Poder360