Pedro Henrique Dias
Repórter

Gabriel Souza é criado no bairro de Felipe Camarão, na zona Oeste de Natal, uma das localidades mais populosas da capital potiguar. Desde pequeno, era um gigante na altura em relação aos meninos da sua idade. Logo, começou a chamar atenção dos professores de vôlei e basquete. Mas foi na quadra e na bola pelo alto que “GG”, como é carinhosamente conhecido por amigos e familiares, se apaixonou. Atualmente, ele é um dos atletas do Vôlei Natal/América, um dos principais centrais da equipe e um dos poucos potiguares no elenco.

Apesar da paixão pelo esporte, Gabriel começou tarde no esporte. Aos 14 anos de idade, ele foi jogar vôlei de praia, mas não se adaptou. No entanto, sua professora sugeriu-o para um professor de base. A partir dessa indicação, nunca mais largou a bola amarela, a rede e os tênis de solado alto. “Depois de um ano na areia, eu migrei para a quadra e assim virou o meu verdadeiro amor. Comecei a jogar base com o professor Arthur. Depois disso, eu não parei mais”, lembrou o atleta.

Gabriel foi um dos destaques do Vôlei Natal na conquista da Superliga C, que ocorreu na capital potiguar no último mês de novembro. Com o apoio da torcida local, a qual fez festa no Palácio dos Esportes nos jogos do clube, “GG” virou um dos queridinhos da galera, ao lado de Luiz Henrique, Sérgio e Tiago.

Apesar das glórias em quadra, o central teve muitas dificuldades no início da sua caminhada esportiva no bairro de Felipe Camarão. O número expressivo de habitantes não faz diferença para os investimentos do poder público local. Gabriel falou sobre isso com lamento.

“Não me inseri nos esportes por políticas públicas, apesar de ser um bairro populoso. Por incrível que pareça, lá só tem uma quadra. Então, foi por incentivo da minha mãe, de sempre colocar nos colégios particulares, além da ajuda do setor privado. Aí, eu tive contato com professores de qualidade. Até hoje, dificilmente, você vai encontrar uma pelada de vôlei. E tem muita gente que pratica”, criticou.

Experiência fora do RN
Depois que despontou, o natalense foi jogar fora do Rio Grande do Norte. A primeira parada foi em São Caetano, no ABC paulista. Ele fez o teste e passou. Depois disso, jogou em São José, Itapetininga, Suzano e Goiás, onde foi campeão.

“Eu sempre vi em mim um potencial para jogar fora do Estado, porque o eixo sul e sudeste é muito forte. Na minha cabeça, sempre quis sair daqui e elevar o meu nível, mas sempre querendo mais. Quem é atleta e não sonha em jogar uma Olimpíada?”, falou o jogador.

Volta para Natal
Após ser campeão pelo Goiás – adversário que o Vôlei Natal/América vai encarar -, ele recebeu o convite de fazer parte do time de voleibol montado pela Shiro Natal, que iria jogar a Superliga C. Depois de muito tempo, voltou para sua terra, fazendo o que mais ama.

“Para mim está sendo um orgulho demais vestir a camisa do meu estado. Quando nós somos jovens, temos os nossos objetivos para buscar e passamos por cima de várias coisas. E, claro, que não tem nada melhor do que ficar em casa, perto da família, no seu estado, não mudar seu ciclo de amizade. Isso é honroso, porque é o que eu sempre quis”, comentou.

Com a realização de jogar em casa, o desejo de Gabriel é mostrar para as crianças de Felipe Camarão que é possível vencer na vida por meio do esporte. Além de mostrar para os praticantes do voleibol que um time do Nordeste pode fazer bonito no cenário nacional do segundo esporte mais praticado no Brasil.

“Eu me sinto abençoado mesmo de estar aqui, era o que eu mais queria e luto para isso. Levar essa mensagem que o Nordeste tem pessoas, atletas e material humano para isso. O que falta é investimentos e organização”, afirmou o jogador.

Tribuna do Norte

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