SECA ou ENCHENTE, uma reflexão:
Bom dia para todos. Sou nordestino residente da área onde a seca é extrema. Meso região do Seridó que abarca 27 pequenas e sofridas cidades do alto sertão do RN. Então, “a seca”, a vegetação sem folhas por anos, a fome e outras circunstâncias eu conheço de viver e de ver bem. Na condição de oficial do Exército morei em quase todos os Estados do país, quero citar aqui o Maranhão e o RS . No Sul morei em Cruz Alta, Caxias do Sul, Porto Alegre e Canoas…
Uma belíssima experiência. Eu sempre lembro de chuvas fortes no Maranhão que igualmente as recentes chuvas no RS anos após anos cobrem as casas de pequenas cidades. Como é área pobre e de um Estado pobre as vezes nem é noticiado, e quando é noticiado não ocupa mais de 3 minutos no horário do jornal da TV.
Essa tragédia recente, num Estado importante do país não só nos constrange como nos choca. Como está tendo boa cobertura jornalística vemos melhor detalhes de uma tragédia deste tipo. AS ENCHENTES são terrivelmente devastadoras. Rápidas. Implacáveis. Não dá tempo pra ser administrada… repentinamente casas, pessoas e animais estão de baixo d’água gerando repentinamente enormes perdas!
Já A SECA que é igualmente devastadora, implacável e gera igualmente enormes perdas econômicas… minimiza a dor por ser mais lenta em seus efeitos… dá tempo de administrar o caos. As famílias migram para onde conseguem sobreviver (o sul, sudeste e norte sempre receberam descendentes de nordestinos fugindo da calamidade da seca), mas nossos filhos estão debaixo de nossos braços e nossas casas continuam lá.
Os animais são vendidos ou consumidos durante o processo de sobrevivência… Aqueles que não saem da região com a pouco água que conseguem vão sobrevivendo… empobrecidos pela falta de animais e de frutos dos plantios… mais vivos, debaixo do seu teto… Sinceramente, nenhuma das situações são boas… mas sobreviver na seca é, ao meu olhar, mais fácil do que sobreviver numa enchente.
(Texto inspirado na pregação da Srª Hileanna Silva Pereira no dia 10/5/24 na Igreja Batista Missionária de Caicó-RN, tendo sido adaptado e escrito pelo Dr. Rômulo Fernandes à sua própria experiência).