A tradicional Feira do Milho acontece em Natal durante o período junino há mais de 25 anos, como forma de reunir as vendas e produções de milho em um único local. Com o preço da “mão” (50 espigas) entre R$40 e R$45, a Feira acontece em terreno do Centro Administrativo, próximo à BR-101 e Arena das Dunas, e reúne vendedores das 5h às 20h, até o dia 07 de julho. Neste ano, os produtores acreditam que as vendas serão abaixo do esperado e do registrado no ano passado.
A organização da feira, que foi iniciada na última segunda-feira (10), estima que as 12 barracas estarão montadas e ocupadas até a sexta-feira (14). Até a manhã da terça-feira (11) apenas 8 barracas estavam ocupadas. A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf) estima uma movimentação de R$2,5 milhões. O titular da pasta, Alexandre Lima, destaca a importância da Feira para a Agricultura Familiar no Estado. A Feira também terá barracas com vendas de comidas típicas e outras produções dos agricultores.
O vendedor e produtor de produtos agrícolas Ricely Ribeiro inicia o período de vendas do seu produto a R$40, mas com a expectativa de, com o aumento da procura pelo milho, conseguir cobrar R$50. “Eu espero que esse ano seja melhor, pois ano passado com os problemas aqui eu não vendi nem 10% do que eu esperava. Havia preparado cerca de 300 milheiros para vender, e se vendi 10 foi muito”, conta Ricely.
Desde 2023 a Feira acontece em terreno do Centro Administrativo às margens da BR-101. A mudança foi feita como forma de proporcionar espaço mais amplo e de maior visibilidade, atraindo então maior público. Apesar da expectativa de melhoria, a edição de 2023 da Feira do Milho foi frustrante para a maior parte dos feirantes que, devido às fortes chuvas no período, tiveram seu espaço de trabalho tomado por lama, que dificultou as vendas para os produtores mais afastados da entrada. Para a edição de 2024, a organização reduziu o espaço de circulação e ocupação da feira, de forma a manter as produções distantes das áreas que podem acumular águas e lama.
Ricely traz os seus produtos de Touros, Vera Cruz e Baraúna, mas não espera boas vendas para esta edição. “Acredito que essa ano possa ser ainda pior do que a do ano passado, e não por causa das chuvas, mas porque este ano a venda de milho também acontecerá no mercado da Cecafes (Central de Comercialização da Agricultura Familiar e Economia Solidária)”, destaca o produtor.
Quem também percebe a possível piora nas vendas é o produtor João Augusto, que há quatro anos traz a sua produção de Vera Cruz para vender na feira em Natal. “Como esse ano tivemos boas chuvas, o milho está com uma certa abundância pelo Estado, então a probabilidade de comprarem em outros locais menores, que não nas feiras, é bem maior”, explica João. Em 2023, o produtor vendeu cerca de 20 milheiros e para este ano a expectativa é que a venda do seu produto, que sairá por R$45, caia para cerca de 15.
Apesar das queixas dos vendedores da Feira do Milho, a administração da Cecafes explica que as vendas devem permanecer concentradas no ponto próximo à BR-101. “Com exceção do ponto de vendas fixo que temos no estacionamento, os outros vendedores e barracas que estão realizando suas vendas no estacionamento do mercado estão lá de forma indevida. Já estamos tentando retirá-los de lá, pois o local que devem realizar suas vendas é no ponto da Feira do Milho mesmo”, explica Raniele Alcântara, da administração do mercado do Cecafes.
Funcionário da única barraca autorizada a realizar as vendas no estacionamento do mercado, Erivan Ferreira trabalha na venda de milho e suas culinárias durante todo o ano, percebendo o aumento de mais de 100% nas vendas durante o período junino. “Por aqui as vendas seguem firmes durante todo o ano, mas o aumento durante o período sempre surpreende. Chegamos a receber abastecimento da produção mais de duas vezes ao dia”, conta Erivan. Assim como na Feira do Milho, o Cantinho do Milho vende a “mão” a R$ 40, mas aplica promoções nas quartas-feiras a R$30.
Múcio Torres costuma sempre comprar produtos de milho como canjica na loja fixa no estacionamento do mercado, e compreende a razão da mudança do local da Feira do Milho. “O movimento que ficava aqui no estacionamento e o lixo acumulado durante os dias prejudicavam as vendas no mercado, pois comprometia o estacionamento e dificultava o acesso dos clientes”, destaca Múcio, que trabalha como vendedor no mercado da Cecafes.
Tribuna do Norte