A atleta Adelaide Valadão recentemente fez história ao completar a Maratona do Rio, enfrentando uma prova de resistência que poucos ousam tentar. Em um feito extraordinário, ela correu 21 km em um dia e 42 km no seguinte, uma conquista que a coloca em uma categoria rara de atletas: a dos ultramaratonistas.
A jornada de Adelaide, hoje com 43 anos, para se tornar uma ultramaratonista é tão inspiradora quanto suas recentes conquistas. De 2016 a 2020, ela corria apenas três quilômetros, o suficiente para cumprir os requisitos físicos das Forças Armadas, onde trabalha. No entanto, com a chegada da pandemia em 2020, Adelaide fez um encontro com tempo e determinação para desafiar seus próprios limites.
Foi em novembro de 2020 que Adelaide se juntou à equipe de corrida Go Runners e começou a treinar para distâncias mais longas, acompanhada pelos preparadores Fabiano Pezzi, Mariana Fernandes e Rodrigo Araújo. Em 2021, ela completou sua primeira meia maratona, uma distância que antes considerava desafiadora, especialmente porque não tinha um histórico de esportes devido a problemas de saúde na infância, que, basicamente, a “aposentava” de forma precoce para qualquer sonho em relação a uma carreira atlética.
Adelaide Valadão nasceu prematura e com bronquite asmática, o que a deixou sem um padrão respiratório adequado. Apesar desses desafios, ela não apenas abraçou as corridas de longa distância, mas também encontrou nelas uma paixão. Em 2022, após a perda de sua mãe e a luta contra a depressão, Adelaide correu sua primeira Meia maratona no Rio de Janeiro, adicionando mais cinco quilômetros à distância para a prova.
A experiência foi transformadora. Ouvindo histórias de outros corredores, a atleta goiana, mas que vive em Natal há 13 anos, decidiu que em 2023, correria sua primeira maratona completa. Com coragem e determinação, ela começou a treinar intensamente, equilibrando treinos, trabalho, aulas e estágios. Adelaide adotou a filosofia de que “é melhor tentar e tirar suas próprias conclusões do que acreditar naqueles que dizem que algo não é possível”.
E assim, em 2024, a atleta não apenas concluiu a maratona, mas também participou do Desafio do Rio, correndo 21 km no sábado e 42 km no domingo, num total de 63 km. Seu tempo de 2 horas e 14 minutos no primeiro dia foi impressionante, considerando a distância que ainda tinha pela frente. Adelaide provou que o impossível é possível, e que, embora possa ser difícil no início, a satisfação de concluir uma prova dessa forma é imensurável.
Adelaide compartilhou que a corrida se tornou um refúgio em tempos de perda e dor. “O ano passado eu perdi meu pai, então correr foi outro desafio,” disse. Após a inscrição para o desafio do Rio, ela enfrentou a tristeza do falecimento de seu pai, um momento que poderia paralisar muitos. No entanto, para Adelaide, a corrida se tornou uma terapia, um meio de lidar com o luto e seguir em frente.
Mas as adversidades não pararam por aí. Adelaide Valadão enfrentou um contratempo significativo quando sua passagem para a Maratona do Rio foi cancelada devido à falência da empresa que comercializava as passagens aéreas. Mas, com a ajuda de Priscila Melo, da Ponta do Sol Turismo, a atleta goiana conseguiu encontrar uma solução. “Se não fosse por ela, eu não teria embarcado para o Rio,” expressa com gratidão.
Para o restante da temporada, Adelaide planeja participar da Meia do Sol em 28 de setembro, da corrida da PRF, em novembro, de uma corrida em João Pessoa, no mesmo mês e uma corrida da força tática em julho.
Tribuna do Norte