O comércio de Natal vem registrando um crescimento das lojas de preço único, onde todos os produtos têm o mesmo valor fixo. Com opções variando de R$ 9,99 a R$ 100,00, essas lojas têm aquecido as vendas tanto no Centro quanto no bairro do Alecrim, atraindo consumidores em busca de boas ofertas e praticidade.

O presidente da Associação dos Empresários do bairro do Alecrim (Aeba), Matheus Feitosa, disse que nos últimos cinco anos, houve um crescimento significativo dessas lojas. “Essa expansão aconteceu, principalmente, após a pandemia, quando alguns segmentos viram a possibilidade de conquistar mais clientes com esse atrativo”, explica.

Para Matheus Feitosa, o alcance é tão alto que em dias como o sábado, alguns comércios têm filas ultrapassando o limite do imóvel, chegando à calçada de outras pessoas. Segundo ele, isso aumenta o movimento para além das lojas de preço único e chega a outros comerciantes, movimentando ainda mais a economia do Alecrim.

O reaquecimento das lojas de preço único em Natal reflete uma tendência global e resgata um modelo de negócio que já fez sucesso no passado. Para os consumidores, é uma chance de encontrar produtos variados a preços acessíveis. Enquanto para os empresários, diz Aeba, é uma oportunidade de crescimento e inovação no comércio local. Contudo, é imprescindível que esse movimento esteja alinhado com as regulamentações fiscais e legais para garantir um desenvolvimento sustentável e benéfico.

Feitosa aconselha atenção às regras fiscais no momento de comprar e revender, seja o lojista ou o consumidor. “Sempre solicitar a nota fiscal, conferir o produto que está comprando na loja para evitar problemas com causas do direito do consumidor e também para não perder o cliente”, sugere. A presença desse segmento pode contribuir significativamente para a economia do Estado e a geração de empregos. Com a alta rotatividade de produtos e preços acessíveis, essas lojas atraem um grande número de consumidores, o que, por sua vez, demanda mais mão de obra e movimenta o mercado. “O número de empregos tem crescido. A loja precisa de mais fiscais para monitorar, mais vendedores, assim como caixa”, alerta o presidente da Aeba.

Esse modelo de negócio não é exclusivo do Brasil. Em países como os Estados Unidos, lojas onde tudo custa US$ 5,00 fazem sucesso, e na China o fenômeno é semelhante. No entanto, aqui no País, esse tipo de comércio não é novidade. Nos anos 1990, havia estabelecimentos onde todos os itens custavam R$ 9,90, e agora, essa tendência está retornando.

Comumente conhecida como “loja de importados”, os consumidores podem encontrar bijuterias, roupas, brinquedos, maquiagem e outros produtos dos mais variados possíveis. A grande oferta é uma porta aberta que chama atenção de quem passa em frente. Só no Alecrim, é possível encontrar mais de 15 estabelecimentos desse tipo. Embora a oferta seja grande, isso não significa que não tem cliente suficiente apara todos os empreendimentos, já que entre elas, os produtos vendidos são diferentes entre si, assim, cada loja pode atrair um tipo de consumidor diferente.

A consumidora Francisca Paulino, de 46 anos, diz que o que a atraiu ao local foi a chamada “preço único”. “Eu vi a propaganda e me interessei em conhecer. Como eu já precisava comprar um presente para o filho da minha sobrinha, eu vim dar uma pesquisada aqui e acho que vou levar, além do presente do bebê, isso aqui [placa decorativa de porta] é para a mãe”, contou enquanto mostrava a decoração.

Outra cliente, Mayara Magri, de 36 anos, afirma que o segmento é importante porque oferece muita diversidade e com preço que cabe no bolso. “Eu costumo ir nessas lojas, mas nessa aqui é a primeira vez e já estou levando muitos utensílios domésticos. Normalmente, vou em lojas de roupas com preço único, mas também já fui em outras que disponibilizam mais produtos”, finaliza.

Presidente da CDL Natal destaca crescente popularidade das lojas de preço único

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), José Lucena, chama atenção o surgimento e a crescente popularidade das lojas de preço único em nossa cidade. “Essa tendência reflete os hábitos de consumo da população e nos faz lembrar da década de 90, quando as lojas de R$ 1,99 faziam sucesso por oferecer uma vasta gama de produtos a um preço fixo. O modelo de negócio tem impactado não só a população, mas também contribuído para levar movimentar o comércio de rua, e aquecer as vendas, fato que nós, como entidade representante do setor de comércio e serviços comemoramos”.

Na opinião dele, é importante destacar que esse modelo de negócio apresenta tanto oportunidades quanto desafios para o setor varejista de Natal. “Por um lado, as lojas de preço único contribuem para movimentar a economia, gerando empregos e fomentando a competitividade. Elas têm a capacidade de atingir um amplo público, oferecendo produtos essenciais a preços acessíveis, o que é extremamente relevante em tempos de incerteza econômica”.

De acordo com ele, o desafio é manter o preço único com produtos de qualidade, “uma vez que nossa inflação impacta diretamente no valor dos produtos”. “Importante destacar que esse modelo de negócio também se destaca em outros países, como por exemplo, os Estados Unidos, onde as “Dollar Stores” são populares entre os consumidores. Assim como no Japão, as lojas “100 yen”, ou seja, estamos na tendência mundial”, concluiu.

Tribuna do Norte

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