Lidar com a experiência das tecnologias e manter o interesse do cliente no ponto físico é um dos principais desafios para os empresários na atualidade. Para explicar sobre esse processo e traçar perspectivas para os próximos trimestres, José Lucena, uma das principais lideranças do setor produtivo e atual presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), concedeu uma entrevista à TRIBUNA DO NORTE e afirma acreditar que construir as melhores estratégias é essencial para acompanhar os avanços. “O comércio tem aquele público, agora vence aquele que tiver a melhor estratégia. Aquele comércio [de site] é uma compra de impulso. Então, você fazendo com que o consumidor fidelize a sua marca, fatalmente ele vai procurar você quando quiser comprar alguma coisa”, afirma. Confira:

Como os empresários estão avançando com as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial?
É uma coisa muito nova ainda. São poucas empresas estão trabalhando isso, mas é uma tendência e como toda tendência ela não volta. É só daí para frente. Então eu acho que quem não tiver pensando em fazer alguma coisa diferente, alguma coisa usando a Inteligência Artificial, usando alguma coisa para fazer com que o consumidor se sinta cativado dentro daquela empresa ou instituição, vai ficar para trás. Como o que está acontecendo ou como já aconteceu com outras empresas que não se aperfeiçoaram.

Até que ponto as compras em sites internacionais prejudicam as vendas locais?
O comércio tem aquele público, agora vence aquele que tiver a melhor estratégia. Aquele comércio [de site] é uma compra de impulso. O online é muita coisa é impulso. Então, você fazendo com que o consumidor fidelize a sua marca, fatalmente ele vai procurar você quando quiser comprar alguma coisa. Essa geração nova, que está entrando gosta muito do online, aí a gente vai ter que se adaptar com isso. Às vezes, será necessário ter essa loja a mais, que é essa loja online, trabalhando de uma forma diferenciada.

Existe alguma estatística de diminuição ou não de vendas a partir desse site?
Não, mas existe uma tendência no mercado, desde durante a pandemia, que muitos centros comerciais estão sendo esvaziados. Por exemplo, aqui em Natal antigamente só tinha o Alecrim e o centro da cidade. O centro da cidade foi morrendo e ficou Alecrim. Depois da pandemia, no meu ponto de vista, se formaram vários novos centros aqui no Natal: Planalto e Pajuçara, Parnamirim. Você só vai para o comércio tradicional, o comércio antigo, se você estiver precisando de alguma coisa muito diferente ou muito especial ou você gosta de passear no comércio tradicional, mas os bairros hoje praticamente estão suprindo todas as demandas do consumidor.

A taxação de 20% em sites e-commerce é suficiente para resolver o prejuízo que se tem no comércio físico?
Nós temos que ser remunerados de alguma forma. Às vezes é disparidade você concorrer com a carga tributária que nós temos no Brasil e a carga tributária que existe lá fora. Agora, o consumidor tem que ver o seguinte: falando de nível Brasil, os problemas de você comprar no e-commerce é que o dinheiro vai para a cidade que fez a venda. Não vem para nossa cidade. Mas os problemas da nossa cidade, que são saúde, segurança e educação, são financiados com esses impostos. Então vai chegar um dia que, se você comprar tudo fora, vai faltar para você aqui dentro.

Como as lojas de preço fixo estão favorecendo o aquecimento no comércio?
Somos totalmente a favor desse tipo de loja, porque elas inspiram o consumidor a comprar alguma coisa, porque elas fazem negociações com fornecedores de maneira que os preços fiquem dentro dos parâmetros que ela quer trabalhar. Então isso gera muita curiosidade do consumidor de ir para rua e ver o que tem para oferecer, ver o que o que está acontecendo. Eu acho que o que induz o consumidor comprar é o preço e você ter um preço atrativo, como essas lojas estão se propondo a fazer, é um diferencial muito grande.

Nessa perspectiva, quais são as estratégias que a CDL está traçando para impulsionar o comércio?
Elas [as lojas] acabaram de sair do evento “Future-se”, que aconteceu no Centro de Convenções. A gente está trabalhando com os nossos lojistas para que eles saibam que para empreender não é mais como era antigamente que era só comprar e vender. Hoje, tem a experiência do cliente, tem o online, tem uma série de coisas. Então a gente está sempre na frente mostrando o que vai acontecer, falando das tendências, falando o que está acontecendo lá fora, para que o lojista aqui da terra não seja pego de surpresa.

Como está a perspectiva da CDL para o terceiro e quarto trimestres deste ano?
O terceiro e o quarto trimestre normalmente são os trimestres que o comércio mais vende. Paralelo a isso, hoje, nós temos grandes datas como Liquida Natal que está vindo agora, tem o Black Friday, e tem o Natal, que é o grande momento mágico de venda do comércio. Então, o que eu posso dizer é que a gente está preparando eventos para que haja demanda dentro do comércio, porque quando a gente cria uma demanda, como a gente está criando agora no Liquida Natal, ele vai gerar outras e outras demandas dentro da cidade. O que a gente tem falado para os nossos empresários é que eles aproveitem o Liquida Natal, qualquer um pode participar. Ele deve entrar, renovar seu estoque (que a grande finalidade do Liquida Natal, é uma renovação de estoque para dezembro, final de ano) para que quando chegar dezembro ele esteja com estoque renovado e possa gerar vendas.

A CDL realizou, no último dia 1º de agosto, através do Parlamento Empreendedor da entidade, reunião com as principais lideranças dos setores de comércio, serviços e turismo, afim unir forças e criar uma agenda propositiva em prol do desenvolvimento de Natal. Quais serão os pontos principais dessa agenda?
Ainda não temos o compilamento total de todas essas ideias que foram colocadas. A gente está escrevendo e vai colocar para os candidatos isso, porque o que a gente busca é sempre o consenso. Não adianta o CDL pedir uma coisa, a Fecomércio pedir outra, a Fiern pedir outra. Então, é muito melhor a gente juntar uma agenda (que é o que a gente está tentando fazer), fazer um funil e chegar para um candidato, um prefeito ou um governador de forma mais assertiva. “Olha, nós do setor produtivo, estamos querendo isso aqui. Você está com ou não está conosco?”. Porque a gente tem que fazer alguma coisa para mudar e não adianta eu propor, não adianta a Fecomércio propor. Tem que todo mundo se juntar e fazer uma proposição só e essa proposição ser atendida.

Dentro dessas discussões, quais foram as maiores dores identificadas por quem é do comércio?
Eu acho que essas intervenções que estão tendo na cidade estão prejudicando muito comércio, mas é aquela história: é uma coisa que vem, mas vai voltar de forma bem melhor. A gente está vendo que as intervenções que a Prefeitura está fazendo vem mudando muita coisa em Natal e eu acredito que isso vai mudar para melhor. Agora é como eu já escutei falar algumas vezes: você não pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos. O que está acontecendo hoje é que nós estamos com os ovos quebrados e estamos sonhando com dias melhores.

Quem
O empresário José Lucena de Cordeiro Neto atua há mais de 30 anos no varejo com a Comjol, uma das maiores empresas do ramo de material de construção do Rio Grande do Norte. Possui lojas em Natal, Parnamirim e está expandindo para a Paraíba. É presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL), vice-presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte (FCDL) e conselheiro do SEBRAE-RN.

Tribuna do Norte

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