A posição do Rio Grande do Norte no Ranking de Competitividade dos Estados, publicado pelo Centro de Liderança Pública (CPL) foi criticado por entidades ligadas ao setor produtivo do Estado. Em linhas gerais, as entidades sugerem recuperação da infraestrutura do RN, Parcerias Público-Privadas e melhoria no ambiente de negócios para que o Estado melhore as notas no ranking. O RN caiu um nível no ranking 2024, passando a ocupar a 24ª posição entre os Estados, e a última entre os nove estados do Nordeste.
Segundo Roberto Serquiz, presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), o Estado vem “colecionando índices negativos desde 2014” e cita que o Observatório da Indústria Mais RN “já apontava a necessidade urgente de um choque de realidade fiscal e de gestão no Estado para o equilíbrio das contas públicas e da capacidade de investimento”.
“A Fiern tem sugerido ações específicas, que apenas por um comando, dariam fôlego para iniciarmos a retomada do desenvolvimento. Entre elas, precisamos recuperar nossa infraestrutura, concluir o processo para as Parcerias Público-Privadas (PPP), definir uma política industrial e melhorar nosso ambiente de negócios”, disse.
Mesmo pensamento tem Marcelo Queiroz, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomercio). Na avaliação de Queiroz, as notas do RN “deixam clara uma maior necessidade de planejamento estratégico por parte do Estado”.
“Para avançar e galgar melhores posições, o RN precisa direcionar esforços em algumas áreas chave. Um desses aspectos é a educação e capacitação profissional, que demanda melhorar a qualidade da educação e incentivar programas de treinamento para desenvolver competências relevantes para o mercado de trabalho. Além disso, é necessário promover reformas estruturais para melhorar o ambiente de negócios. Hoje o orçamento do RN é altamente comprometido com as despesas com pessoal, deixando menos espaço para os investimentos que nosso estado tanto necessita”, acrescentou.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira, disse que “a baixa sustentabilidade ambiental do RN está atrelada a grande concentração do território no semiárido, o que exige políticas de convivência adequadas a essa realidade”.
“A inexistência de uma política ambiental concreta nessa direção indica que o estado ainda não conseguiu integrar plenamente as práticas de gestão dos seus recursos naturais com conservação ambiental e desenvolvimento econômico”, aponta. “A qualidade da educação no RN é uma barreira ao desenvolvimento do seu capital humano. Isso afeta negativamente a produtividade e a capacidade de inovação do estado. A falta de mão de obra qualificada em setores estratégicos impede o crescimento econômico. A migração de jovens para outros estados em busca de melhores oportunidades também contribui para a escassez de capital humano”, acrescenta.
Já para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Natal (CDL/Natal), José Lucena, diz que a “baixa competitividade não afeta apenas o ambiente de negócios, mas também impacta diretamente o desenvolvimento econômico, social, a geração de empregos e a qualidade de vida da nossa população”.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou contato com os secretários de Administração, Pedro Lopes, e o de Tributação, Carlos Eduardo Xavier, que não comentaram o tema. A Assessoria de Comunicação do Governo do Estado também foi procurada mas não enviou posicionamento.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Sílvio Torquato, contestou a posição do Estado no Ranking de Competitividade e disse que ela não reflete a realidade. Torquato cita as expertises do RN nas oficinas do Pró-Sertão e diz ainda que o Estado busca parcerias com os Correios para proteger produtos feitos no RN.
“O que a gente sabe é na prática: nós temos o melhor programa de atração de desenvolvimento industrial do Brasil que é o Proedi. Nós chegamos a dar 95% de desconto no ICMS para atividades que tenham muita empregabilidade, como calçados e confecções”, exemplifica. “A Guararapes hoje está com 9.900 empregados, quando assumimos era 4.600 empregos. Hoje as oficinas de costura, o que eram 50, são 110 e trabalhando na sua carga total. Não podemos fazer milagres e concorrer com países que jogam preços de todo jeito. Estamos trabalhando para fazer esse enfrentamento”, acrescentou.
Ainda segundo Torquato, o Estado é o 2º maior produtor de bonés do Brasil com a cidade de Serra Negra do Norte e cita que as exportações do Estado no primeiro semestre “bateram recorde”. “Na área de comércio, supermercados e atacadistas, quando assumimos era um caos, a Paraíba levava tudo. Hoje, eu desafio qualquer cidadão: pegue seu carro saindo de Parnamirim para São José de Mipibu e veja o número de empresas que foram colocadas ali. Isso é fato”, disse Torquato, acrescentando que o Estado possui ambiente de inovação competitivo a partir do Senai, IFRN e UFRN, com “recorde de patentes no Brasil”.
Entenda
No Ranking de Competitividade do CLP, o Rio Grande do Norte ocupa as últimas posições em solidez fiscal e sustentabilidade ambiental (27º), eficiência da máquina pública e potencial de mercado (22º), educação (21º), capital humano (20º) e infraestrutura (17º). O melhor desempenho foi no pilar segurança, onde deu um salto de oito colocações, da 17ª para 9ª posição.
Tribuna do Norte