O Rio Grande do Norte esteve no centro das discussões sobre transição energética durante seminário promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em Natal, na quarta-feira (28). O papel do Estado neste processo foi amplamente reconhecido e exaltado como crucial para o futuro sustentável do País e do Mundo. Marina Grossi, economista e presidente CEBDS, abriu o evento destacando que o Rio Grande do Norte é, sem dúvidas, o “berço da transição energética justa”. O evento contou com a participação de diversos especialistas na área e autoridades do Estado, incluindo a governadora Fátima Bezerra.
Grossi enfatizou a interconexão das crises de mudança climática, perda de biodiversidade e desigualdade social, ressaltando que o RN está na linha de frente para enfrentar esses desafios. “Pela primeira vez nós viemos para o Rio Grande do Norte porque o tema é transição energética justa, então nós buscamos aliar o RN e o Nordeste, que é o campeão em energia limpa, com a questão social. De que maneira podemos organizar para que tenhamos mais prosperidade, por exemplo, numa nova fronteira que é o hidrogênio verde. E ligar isso à natureza”, pontuou.
Com um público formado por líderes empresariais, autoridades governamentais, especialistas do setor e população civil, o seminário aberto e gratuito contou com painéis que abordaram temas centrais para a transição energética. Entre os assuntos discutidos, destacaram-se a necessidade de uma regulação mais eficiente para o desenvolvimento de tecnologias limpas, o financiamento de projetos sustentáveis, a adoção de ações climáticas pelas empresas para mitigar riscos e impactos adversos, além de debates sobre direitos humanos e agricultura regenerativa.
O ex-secretário de Estado do Rio Grande do Norte e atual diretor de Planejamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Aldemir Freire, disse que não existirá desenvolvimento sustentável no Brasil sem a participação do Estado. “Hoje, há uma grande discussão, mas eu acho que o Brasil tem dois lados nessa moeda climática. Um é o papel da Amazônia, de regulador de clima, mas um outro é o Nordeste como grande produtor de energia renovável do Brasil e daqui a pouco do Mundo, com mais protagonismo a partir do desenvolvimento do hidrogênio verde”, disse.
Ele lembrou ainda que o banco é um dos principais financiadores do setor. “O BNB já é um dos grandes financiadores do setor na região, não só de geração, mas também de transmissão e de distribuição. O RN é um dos grandes players dentro do banco, um dos grandes recebedores de recursos de financiamento, financiamos em torno de R$ 1 bilhão por ano só nessa área de infraestrutura aqui. Para a gente é um prazer estar aqui acompanhando esse evento, porque a gente também é sócio da nossa região”, completou.
Outro destaque do seminário foi a discussão em torno do hidrogênio verde, uma das apostas para o futuro da energia limpa no Brasil. O Rio Grande do Norte, com sua vasta capacidade de geração eólica, está bem posicionado para se tornar um dos principais produtores dessa forma de energia, que tem o potencial de revolucionar o mercado global de energia renovável. “O desenvolvimento do hidrogênio verde será essencial para a descarbonização da economia mundial”, destacou Marina Grossi.
RN na vanguarda da energia limpa
Em apenas 10 anos, o Rio Grande do Norte cresceu mais de 700% na potência instalada de energia eólica. Em 2024, neste mês de agosto, o Estado alcançou 10,1GW (gigawatts), marca que consolida o RN como a 2ª maior potência eólica do País e responsável por aproximadamente 30% de toda capacidade de energia eólica do Brasil. De acordo com dados dos Indicadores de Inteligência Estratégica em Energias e Recursos Naturais, disponibilizado pelo Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), até o ano de 2014 o RN contava com apenas 1,16GW de potência, distribuídos em 40 empreendimentos. No ano de 2024, já são mais de 10,1GW entre 304 parques eólicos em operação.
Tribuna do Norte