Kayllani Lima Silva
Repórter

O estudante Lucas Garcia, de 25 anos, chegou a oscilar na hora de escolher qual graduação seguir. Sempre curioso e com interesses distintos, sentia-se dividido entre três cursos: Educação Física, Fisioterapia e Engenharia de Produção. Na hora de tomar uma decisão, contudo, escolheu a terceira opção. Hoje, na fase final do curso, fala com satisfação sobre os desafios e aprendizados que o movem nessa jornada. Entre elas, o estágio que alcançou por meio do Programa de Estágios do Instituto Euvaldo Lodi do Rio Grande do Norte (IEL/RN), integrante do Sistema Fiern. Apenas nos primeiros seis meses deste ano, 3,1 mil estagiários do Estado foram inseridos no mercado por meio da iniciativa.

Foi a partir de uma amiga, que acompanha as oportunidades do Programa, que Lucas soube da chance de ingressar na Bonor Indústria no início deste ano. Sem pensar duas vezes, realizou a inscrição na vaga e foi chamado para a entrevista. Até aquele momento, vinha focando apenas nos aprendizados teóricos, cenário que precisou mudar com o avanço da graduação e a necessidade de aplicar esses conhecimentos.

Com êxito, o graduando em engenharia de produção na UFRN foi aprovado e fala com alegria sobre o período de experiências na empresa. Inicialmente, o foco do estágio foi acompanhar os monitores ligados à qualidade de produtos, processos e atividades para analisar pontos de melhoria. Aliado a isso, pode exercer protagonismo no estudo de pesquisas e busca por soluções. “Foi um período muito rico, porque eu tinha tido outras experiências de trabalho, mas não na área em que estou atuando. Consegui ter um networking [construção de relações para fins profissionais] maior, ter novas ideias e ver as coisas de um ponto diferente”, ressalta.

Embora o estágio na Bonor tenha durado seis meses, com conclusão na última semana, o perfil inquieto de Lucas deu o impulso para que pudesse refletir grandes resultados. Um exemplo disso foi a conquista na etapa estadual do prêmio IEL de Talentos deste ano – que reconhece a relevância do estágio e premia projetos inovadores que resultam dessa prática – no qual alcançou 1º lugar na modalidade “Estagiário Inovador em empresa de médio porte” com o projeto “Produção sem ftalatos”.

Para além da conquista, enxergar a aplicação da iniciativa na Bonor em prol de uma produção mais sustentável é o que mais lhe transmite entusiasmo. Com o término do estágio no local, exprime gratidão pelo crescimento e aponta para novos planos. “Mais para a frente vou buscar uma outra oportunidade em outra empresa e setor. Acho que vai ser bem enriquecedor para o meu currículo”, comenta.

‘Conhecimento’ é, também, a palavra chave na experiência profissional do estudante Sávio Allan da Silva Moura. Aos 25 anos, ele cursa o 9º período de Ciência da computação na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e há quase dois anos alia os estudos com o estágio em Tecnologia e Informação alcançado por meio do IEL/RN na unidade da Petrorecôncavo em Mossoró.

A partir dele, compartilha, tem conseguido aplicar aprendizados da graduação em situações reais e ampliado a compreensão sobre a dinâmica do mercado de petróleo e gás.

Assim como na trajetória de Lucas, esse foi o primeiro estágio do estudante e o tem lhe impulsionado em outras competências que ultrapassam o conhecimento técnico. “Desenvolvi maior confiança em tomar decisões e aprendi a lidar com desafios práticos. Minha visão se tornou mais estratégica e prática, aprimorando minhas habilidades de gestão de tempo, priorização de tarefas e colaboração. Essas experiências me fizeram amadurecer e me sentir mais preparado para futuras responsabilidades”, afirma o estudante.

É com essa confiança, aliada a visão dos impactos positivos gerados pelo trabalho, que Sávio expressa o desejo de continuar desenvolvendo habilidades e assumir novos desafios. Fora das palavras do estudante, o crescimento se manifesta em conquistas recentes. No prêmio IEL de Talentos deste ano, ele foi contemplado com o 1º lugar na categoria “Modalidade Estagiário Inovador em empresa de médio porte” com o projeto “Monitoramento Inteligente de Ativos de TI” na Petroreconcavo.

Para Sávio, o reconhecimento despertou gratidão e teve como fomento central o apoio que recebeu da equipe com a qual trabalha. “Esse prêmio é tanto meu quanto de todos que contribuíram para essa realização”, compartilha o estudante, para quem o desejo para o futuro é continuar crescendo e buscando novas chances de desenvolvimento.

Estágio: uma ponte para o crescimento profissional

A evolução profissional alcançada por Sávio e Lucas refletem o trabalho do IEL/RN na entrega de valor para alunos, instituições de ensino e empresas concedentes de estágio. Juan Saavedra, superintendente regional do Instituto, esclarece que os três públicos compõem o pilares do Programa de Estágios, que tem sido positivamente impactado pela remodelagem do seu sistema operacional. O objetivo, afirma, é torná-lo mais personalizado e com foco na experiência do público-alvo.

O superintendente lembra que, desde o início, o IEL é voltado à educação do estudante. Com quase 54 anos de atuação no mercado, embora tenha impulsionado outros projetos como o Jovem Aprendiz e o IEL empregos, a ponte dos alunos de instituições de nível superior e técnico com o setor produtivo continua sendo o alicerce da iniciativa.

Nos últimos cinco anos, especialmente, o Instituto formalizou mais de 13,3 mil Termos de Compromisso de Estágio (TCE). Em todo o país, a rede IEL inseriu mais de 50 mil estagiários no mercado. Na avaliação de Juan Saavedra, além da remodelagem na comunicação da iniciativa, o resultado é atribuído ao trabalho de campo da equipe do IEL para disseminar os benefícios do programa junto a escolas de ensino técnico profissionalizantes e empresas do setor produtivo.

E não é apenas como ‘ponte’ que a iniciativa atua, mas também no suporte ao processo de seleção e recrutamento customizado dos estagiários. “A gente tem o cuidado de seguir fielmente o que a Lei de Estágio pede para que o programa seja, de fato, socioeducativo. Então temos essa atenção com o aluno, com a instituição de ensino e com a empresa”, aponta o superintendente.

Uma vez que os alunos ingressam no mercado, aponta Juan Saavedra, o IEL/RN também oferece oportunidades de qualificação por meio da metodologia Foca na Carreira, voltado à oferta de cursos rápidos e palestras junto aos estudantes. “Em breve, nós iremos disponibilizar uma plataforma para os estagiários com foco na Inteligência Artificial (IA), com capacitações e orientações sobre como ele pode utilizar a IA para ajudar no seu dia a dia enquanto profissional”, observa.

Hoje, embora o IEL/RN tenha estagiários no setor produtivo, o superintendente esclarece que a maior parte deles está no setor público. Entre as áreas mais buscadas, estão direito, administração, engenharia de produção e engenharia civil. Para aprimorar a assertividade do programa, são utilizadas ferramentas como plataformas de competência dos estudantes, dados do observatório da indústria e oferta de capacitação para os concedentes.

O prêmio IEL de Talentos é, também, um outro caminho para observar os benefícios das trocas entre estudantes e profissionais para o mercado. “Trouxe benefícios desde melhoria dos processos até a melhoria no faturamento das empresas. Então nós temos impactos positivos e reais mensuráveis junto a essas concedentes, através desses alunos que estão ali no dia a dia com elas. É uma satisfação muito grande porque são jovens e muitos deles estão tendo seu primeiro contato com o mercado”, ressalta.

Uma visão semelhante é representada pelo presidente do Sistema Fiern, Roberto Serquiz, para quem a premiação visa estimular o estágio e o desenvolvimento de carreiras. “Então, o Prêmio IEL tem esse objetivo e direção. Mas não somente como premiação, mas também tem um lado do reconhecimento ao fazer a condecoração das empresas, que oferecem esse espaço de crescimento profissional para esses estudantes”, complementa.

Trocas que transformam e geram resultados

É com orgulho que Rodrigo Alexandre, gerente na Bonor Indústria, conta que pelo terceiro ano seguido os estagiários e a empresa foram contemplados pelo prêmio IEL de Talentos. Ao todo, dez estudantes estão atuando na empresa por meio do Programa de Estágios. Independente do segmento, o período é marcado pelo acompanhamento de processos das áreas que estão estudando. “Eu acredito que o que mais marca na vida e na carreira deles é essa vivência do, como a gente chama, ‘chão de fábrica’”, aponta.

A gerente de Carreiras e Desenvolvimento Empresarial do IEL, Sarah Saldanha, explica que a tendência de crescimento de oportunidades do IEL/RN acompanha uma retomada da indústria a nível nacional. Desta vez, com maior foco na ‘oxigenação’ de processos e geração de ideias alcançadas com a atração de novos talentos. Do ponto de vista estudantil, por sua vez, ela cita três impactos centrais: oportunidade de aplicar conhecimentos, construção de competências socioemocionais e desenvolvimento dentro das empresas.

Conforme aponta Rodrigo Alexandre, os alunos também apresentam uma taxa de conversão significativa. Em outras palavras, são efetivados. É o caso dele que, apesar de estar na liderança da equipe, ingressou na empresa como estagiário de contabilidade há 18 anos por meio do IEL/RN.

Por outro lado, há aqueles que optam por viver experiências em diferentes empreendimentos.
Sarah Saldanha aponta que esse interesse por aprendizados diversos é um fenômeno favorável e que vem crescendo nos últimos sete a oito anos. “Essa formação múltipla do estagiário é benéfica para que os tornemos os líderes do futuro que tenham uma mentalidade global. Apesar de atuarem no Rio Grande do Norte, por exemplo, percebem o mundo e as oportunidades empresariais a partir de um mapa global”, analisa.

Para Juan Saavedra, as expectativas para o futuro do IEL/RN são positivas, dado os progressos que já estão sendo alcançados por meio da consolidação do Instituto no Estado. Em maio deste ano, por exemplo, a Unidade de Mossoró foi reinaugurada e agora conta com instalações mais atrativas ao jovem. Somado a isso, compartilha, já está em discussão a instalação de uma sede do Instituto no Seridó e instalação de totens de autoatendimento voltado ao programa em espaços como shoppings.

Tribuna do Norte

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