Vereadores proclamam o resultado do primeiro turno em Natal como um “troco” ao tratamento que era dado à Câmara Municipal pelo ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD), que de eventual eleito no primeiro turno, segundo pesquisas de intenções de votos, nem passou para o segundo turno.
“Antes, um vereador não valia um palito de fósforo queimado”, aludiu o reeleito vereador Aldo Clemente (União Brasil) a uma declaração dada por Carlos Eduardo em 2012, quando ainda geria a administração municipal ao protestar sobre a possibilidade de sua prestação de contas de 2008 não ser aprovada na Casa.
Aldo Clemente exibiu, nas redes sociais, vídeo de seu pronunciamento na sessão ordinária da terça-feira (8), a primeira da Câmara após as eleições de domingo (6): “O ex-prefeito Carlos Eduardo, da prepotência do seu tamanho, que agora ele diz que é cabeção, agora aqui tem a cabecinha, é um palito de esforço queimado, para mostrar ele que se faz campanha com o grupo político, que se faz campanha com o apoio dos vereadores”.
Clemente disse que o deputado federal Paulinho Freire (União), que vai enfrentar a deputada federal Natália Bonavides (PT) no segundo turno da eleição de prefeito de Natal, “contou com 20 vereadores, cada um com seu palitinho queimado de fosfóro, trabalhando em cada comunidade, levando o trabalho, levando a palavra, levando o apoio, está aqui, só tem um aqui que é o meu. Palitinho queimado”.
Então, arguiu Clemente, “isso é um recado para dizer que todo político deve ter grupo, deve ter diálogo, há vinte paletinhos desse e milhares espalhados por Natal, nós estamos no segundo turno da eleição e vamos agora disputar cada um com seu palitinho, que valeram tanto”.
O também reeleito vereador Kleber Fernandes (Republicanos) denunciou perseguição por parte do grupo liderado pelo ex-prefeito Carlos Eduardo, que “tem uma mentalidade cancerígena, a mentalidade do ódio, do rancor, do mal, tentou a todo momento me derrotar, passaram o tempo todo indo nas casas dos meus apoiadores, prometendo, vendendo sonhos”.
Segundo Fernandes, diziam para os seus apoiadores, que Carlos Eduardo “ia ser prefeito, você vai voltar, fique enganando o vereador Kleber até perto da eleição, depois você rompe e em janeiro Carlos Eduardo lhe bota de volta”.
Fernandes disse que “até a última semana eles estavam ligando para minhas lideranças, dizendo que podiam romper, que em janeiro ia voltar todo mundo para a prefeitura com Carlos Eduardo prefeito. Tentando comprar a consciência das pessoas, está aí o resultado que Deus e o povo deu nas urnas de Natal. Derrota grande, os fracos pularam do barco, mas os bons e os leais estiveram conosco e hoje estão comemorando a vida”.
Para Kleber Fernandes, o povo reconheceu “o nosso trabalho, um mandato qualificado, propositivo, um mandato que dialogou, que ouviu as demandas, as reivindicações, as expectativas, os sonhos da população”.
A sessão na Câmara também foi dia de denúncias de compras de votos e de queixas contra as pesquisas de intenções de votos e de tom de despedida, como o vereador Dickson Júnior (PDT), que decidiu não se candidatar à reeleição. “Política se faz sem mandato também, que é vocacionado, faz política sem mandato”, disse ele, que passará a assessor do novato vereador eleito Daniel Santiago, que foi assessor de seu gabinete legislativo.
Dickson Júnior protestou contra os institutos de pesquisa: “já duas eleições que nenhum acerta, o dia da votação é totalmente diferente do que colocam, então não é bom divulgar mais pesquisa, é preciso um procedimento, ou acertam ou não divulgam mais, porque viram peça de marketing de campanha, atrapalha principalmente a campanha de vereador, porque o eleitor é induzido a votar em quem está na frente”.
O vereador Aroldo Alves (PSDB), que não foi reeleito, falou que “jogou com honestidade, não comprou e nem usou a máquina”, mas agradeceu a todos que votaram ou não votaram com ele: “Eu fui uma vitima dessas pesquisas, houve uma acomodação daqueles que iam votar comigo, Aroldo eleito, vamos escolher outra pessoa”.
Mas, queixou-se Alves, “tudo isso é fruto de um trabalho da máquina, o sistema que é bruto e cruel, usaram de tudo e todas as formas de pressão, mas não vou deixar as pessoas que me ajudaram abandonadas, minha palavra não volta atrás”. Alves disse que continuará na luta, porque quatro anos passa rápido e para “aqueles que ganharam com dinheiro público”, ele avisou que o “esquema sabe que na próxima eleição não terá mais e ai será em pé de igualdade”.
O vereador Bispo Francisco de Assis (Republicanos) também não quis disputar a reeleição, mas disse que em 20 anos de mandato, “sempre foi vítima das pesquisas”, mas continuará, como sempre fez, ajudando as pessoas sem mandato.
Tribuna do Norte