Manter uma organização implica em uma série de desafios e entre elas, a gestão de pessoas. Para isso, é essencial um profissional que compreenda as dores e guie a liderança ao desenvolvimento de um caminho de excelência. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, a diretora de Gente e Gestão da Dois A Engenharia, Karol Beniz, aponta dicas para maximizar os potenciais técnicos e comportamentais para todo o time e opina sobre a implementação da Inteligência Artificial nos Recursos Humanos (RH). Confira.

Quais são os principais recursos e ferramentas que o RH pode utilizar para impulsionar o desempenho dos colaboradores e, consequentemente, das empresas?
O RH hoje funciona como uma consultoria interna. Então ele ajuda a definir as estratégias, as diretrizes, as governanças, os procedimentos, as políticas, e a forma que ajuda a liderança e os times para desenvolver o seu alto potencial são várias as ferramentas, como uma que eu considero primordial que é a avaliação de competências. É onde a gente pode identificar quais são as lacunas que essa liderança tem e que ela precisa desenvolver para conseguir atingir o máximo potencial e com isso atingir os objetivos e os resultados da empresa.

Como uma liderança de alta performance pode transformar uma cultura organizacional e desenvolver as habilidades mais importantes dos colaboradores?
As habilidades de uma liderança de alta performance eu vejo como uma das principais a questão da visão estratégica. Então a liderança precisa ter a visão do negócio, uma visão mais holística. Ela não pode se permitir ter uma visão apenas da sua área de atuação, porque uma organização ela funciona como uma engrenagem, então todas as áreas precisam estar muito alinhadas, para que essa engrenagem funcione na sua excelência, na sua totalidade para gerar resultado. Hoje as habilidades da liderança estão muito mais voltadas às questões dos Soft Skills, das questões comportamentais. Então é a visão estratégica, inteligência emocional, tomada de decisão para problemas complexos e, acima de tudo, comunicação. Um líder de alta performance ele tem que ter uma comunicação efetiva que seja clara, que seja objetiva. Ele precisa e deve saber dar feedback, para com isso gerar engajamento no time e gerar eficiência e proatividade.

Como o engajamento dos colaboradores podem impactar diretamente no resultado dessas empresas?
O engajamento é diretamente proporcional ao resultado. Eu costumo dizer que pessoas felizes geram mais resultados. As pessoas quando elas quando as pessoas estão engajadas com o propósito da empresa, ela tem foco, ela tem concentração e ela gera um clima organizacional melhor, e com isso gera consequentemente o resultado. Isso cria esse efeito manada, em que as pessoas conseguem multiplicar esse engajamento para tomada de decisão, inovação, implementação de novas tecnologias, porque ele está sempre se reinventando e pensando em fora da caixa.

Como é que o líder ele pode fomentar esse engajamento do colaborador?
A liderança tem um papel assim crucial. É vital o engajamento da liderança na multiplicação e desdobramento, porque no final do dia, por mais que o RH ele defina várias estratégias, quem está acompanhando a equipe no cotidiano é a liderança. Então é a liderança que precisa identificar vulnerabilidades do seu time, identificar quais são as lacunas de competência, para conseguir ajudar a desenvolver esses colaboradores.

Com o avanço da tecnologia, como você avalia a Inteligência Artificial (IA) para potencializar o RH?
A IA está na verdade remodelando a forma como a liderança toma decisão, que gera a equipe e que constrói e define estratégia. Então essa é a grande transformação que a gente vem vivenciando já, um futuro que já começou. A IA traz inúmeros benefícios, como a automatização de tarefas rotineiras, geração de relatórios, agendamentos, e com isso ela abre espaço na agenda da liderança para poder desenvolver os times, para poder focar em inovação, para poder pensar em melhorias contínuas. Porém esse equilíbrio entre a tecnologia e a humanidade também é crucial, porque tem algumas sensações, sentimentos e consciência que, por mais tecnologia que exista e que avance, todas essas questões voltadas ao foco humano, como empatia, intuições e valores, nunca nada e nenhuma máquina ou robô consegue substituir. A tecnologia é uma grande e favorável aliado para que a gente possa tomar decisões de maneiras mais rápidas e estratégicas, e as pessoas que não desenvolverem essa habilidade, infelizmente vão ficar ultrapassadas.

Como é que o desenvolvimento contínuo dos colaboradores pode influenciar no crescimento da empresa e quais são os métodos de capacitação que você indica para maximizar essas habilidades?
Hoje a gente vem trabalhando em uma pegada muito forte do Life Long Learning, do treinamento contínuo e muito voltado para a questão dos Soft Skills. Muitas vezes a liderança e o próprio RH contrata por competências técnicas, mas demite por questões comportamentais, então o foco do desenvolvimento ele está baseado nos Soft Skills, nas questões comportamentais relacionados à flexibilidade, inteligência emocional, tomada de decisão, resiliência, entre outras habilidades. Então dentro da Dois A, implantamos uma universidade corporativa e temos um Programa de Desenvolvimento da Liderança (PDL) em que a gente faz treinamentos contínuos através de videoaulas e de treinamentos presenciais. O mundo do trabalho ele veio se transformando de maneira super acelerada, então um bom profissional e os líderes de alta performance precisam estar o tempo inteiro se reinventando, aprendendo e se desenvolvendo. O profissional do futuro é aquele que consegue associar a técnica, a capacidade e a agilidade de aprendizado ao longo do tempo.

Qual o papel da comunicação interna no desenvolvimento de uma empresa?
Quando eu falo de comunicação interna, eu não estou me referindo apenas a um endomarketing. Quando eu falo de comunicação interna, é uma comunicação muito mais massiva por parte da liderança. A liderança ela tem um papel fundamental na disseminação dessa cultura organizacional, então a comunicação sempre é muito citada em qualquer pesquisa de clima que você avalia. Quem faz a comunicação são as pessoas daquela organização e a liderança mais uma vez é o espelho. A liderança é o reflexo para os times, então ela tem realmente um papel fundamental da massificação e do desdobramento, porque o RH define a diretriz de maneira estratégica com a visão mais holística, e assim a liderança precisa disseminar isso com o time para que isso vire realmente o mantra e que as pessoas consigam cumprir essas diretrizes, esses valores, essa cultura no dia a dia e que não seja só uma cultura expressa nas paredes.

Quais são as tendências do RH que você acredita que terão os maiores impactos para os próximos anos?
A IA é tendência que só cresce e realmente vem para ficar. Os programas de desenvolvimento na implantação de uma universidade corporativa é fundamental para o desenvolvimento dos times ou a construção, a definição de um cronograma de treinamento contínuo, seja através da universidade corporativa, consultoria ou da própria troca de habilidades entre as áreas. O RH ele tem uma ferramenta importantíssima que é a avaliação competências e é a forma que a gente tem de identificar talentos. Então talentos todos nós temos algum, mas a diferença do Top Talent no mundo corporativo é aquele que consegue conciliar técnica e resultado com potencial, ou seja, o potencial é a capacidade de aprendizado, é o quanto que aquele profissional ainda tem de potência para desenvolver novas habilidades. Então esse é uma das ferramentas mais poderosas que eu considero para o RH continuar de forma perene para a identificação dos potenciais que vão realizar e promover o futuro da organização. Além disso, a questão do People Analytics, que também está muito associado da IA, e a cultura. A empresa que tem uma cultura forte, com definição de valores e propósitos e disseminado em todas as áreas é a base de tudo.

Quem
Karol Beniz é potiguar, natural de Natal. Ao longo dos 40 anos de vida carrega uma vasta experiência no mundo corporativo. Com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Karol já passou por segmentos da indústria, logística, distribuição e construção civil. É palestrante e mentora na área de Desenvolvimento e Liderança. Atualmente, ocupa a cadeira de Diretora de Gente e Gestão na Dois A Engenharia, e também apresenta o quadro Lidera na rádio Jovem Pan News Natal (93,5FM), exibido todas as terças-feiras no programa Jornal da Manhã.

Tribuna do Norte

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