ESTADÃO CONTEÚDO
Agência de Notícia

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi a público nesta quinta-feira, 25, em defesa da indicação do ex-ministro Guido Mantega para o comando da Vale. Nas redes sociais, ela afirmou que o ministro é um dos “pouquíssimos brasileiros” qualificados para compor o conselho de administração da empresa, grupo do qual fazem parte os representantes dos acionistas.

As ações ordinárias da Vale tocaram o valor mínimo de R$ 69,31, com queda de 0,86%, logo após a publicação. As ações da Vale têm perda acumulada de 10,14% em 2024, por causa da pressão do governo para colocar Mantega no conselho e ter atuação mais ativa na empresa.

PERMANÊNCIA
A permanência de Eduardo Bartolomeo na presidência da Vale deve ser decidida até terça-feira, 30, com a convocação de uma reunião extraordinária do conselho de administração da mineradora (CA), segundo fonte familiarizada com o processo ouvidas pelo Estadão/Broadcast.

Nesse encontro será analisado, a partir de um amplo estudo, o desempenho do executivo frente à mineradora. Nos últimos dias, intensificaram-se os boatos de que o governo estaria tentando alçar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega à posição.

Antes da convocação da reunião extraordinária do conselho, porém, haverá mais um passo no desenlace da saga na sucessão da Vale, com a análise, pelo Comitê de Pessoas e Remuneração, desse estudo sobre a gestão Bartolomeo, elaborado pela firma de headhunter Vila Nova Partners, de São Paulo. O documento será entregue nesta quinta, 25, e deverá ser debatido num encontro do comitê, que é um dos colegiados de assessoramento do conselho, composto por 4 dos 13 integrantes do CA.

Segundo apurado pelo Estadão/Broadcast, a consultoria realizou várias rodadas de conversas com executivos e os próprios conselheiros sobre a efetividade na execução, por parte de Bartolomeo, das estratégias determinadas para a companhia. Também se debruçou sobre outros indicadores de desempenho da Vale. Procurada pelo Estadão/Broadcast, a firma não quis se manifestar.

O sócio fundador da Vila Nova Partners, Fernando Carneiro, tem 23 anos de experiência como headhunter e sua principal área é a sucessão de CEOs. O Estadão/Broadcast apurou que Carneiro já fez outros trabalhos para a Vale nos últimos 20 anos e tem conhecimento profundo dos processos e entranhas da companhia. Conhece há vários anos Eduardo Bartolomeo, que, antes de se tornar CEO, foi diretor executivo da Vale entre 2004 e 2012 e entre 2018 e 2019.

Digestão e oposição
Com o estudo da Vila Nova Partners digerido, o Comitê de Pessoas deve levar uma recomendação ao conselho de administração, que tem até o fim do mês para anunciar sua decisão soberana. Como na quarta-feira já há uma reunião ordinária marcada, que não tem esse tema na pauta, seria chamado um encontro extra até terça-feira.

O Comitê de Pessoas é formado por dois conselheiros vinculados a acionistas e dois independentes. Os indicados são o executivo Shunji Komai, do conglomerado japonês Mitsui, segundo maior acionista, com 6,3% do capital, e João Fukunaga, presidente da Previ, principal acionista individual da Vale (10% em participação direta e indireta). De acordo com informações de bastidores, a Previ é crítica à gestão de Bartolomeo. A entidade, porém, não comenta o assunto. O Mitsui tampouco se manifestou. Os conselheiros independentes no comitê são Manuel Lino Silva de Souza Oliveira, Ollie, e Luiz Henrique Guimarães, ex-CEO da Cosan, cotado para o posto de CEO no lugar de Bartolomeo, conforme interlocutores. Ollie é “lead independent director” (LID), que representa os conselheiros independentes.

Guimarães foi indicado por Rubens Ometto, dono da Cosan e de 4,9% do capital da Vale. É considerado “independente” porque a participação do empresário na mineradora não chega a 5%, nível a partir do qual os acionistas são nomeados “de referência”. Seu nome surgiu, há meses, como possível sucessor de Bartolomeo. O fato de ter deixado o cargo de CEO da Cosan alimentou ainda mais os rumores.

Decisão soberana
Os 13 membros do conselho, inclusive os quatro que pertencem ao Comitê de Pessoas, são livres para votar pela aprovação ou não da gestão de Bartolomeo, seja em linha com a recomendação ou de maneira contrária. “Uma decisão dessa magnitude (troca de comando da empresa) passará por todo o conselho, por mais que o Comitê de Pessoas tome um posicionamento”, diz uma fonte.

A percepção de fontes é que a avaliação de Bartolomeo tem melhorado tanto para o público interno quanto para o externo. Além de ele aparecer mais e ter mostrado com maior ênfase a importância da empresa para o País, houve maior articulação política em torno de sua gestão, de acordo com pessoa familiar à empresa.

Porém, afirma outra fonte ouvida pelo Estadão/Broadcast, o posicionamento de cada conselheiro – e a pressão que o governo tem feito sobre os acionistas que representam – só será conhecida na reunião extraordinária.
“A governança da empresa é muito diferente da época do Roger (Agnelli, ex-presidente da Vale, destituído por pressão da gestão Dilma, em 2011), mas toda mineradora depende de sua relação com o governo, seja por meio de concessões logísticas ou dos licenciamentos ambientais.

Lula diz que Vale não fez nada por Brumadinho

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a Vale nesta quinta-feira (25) ao lembrar do aniversário de 5 anos da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. A declaração vem na semana em que o petista pressiona para emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como presidente da mineradora.

“Cinco anos e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”, disse o presidente. Embora Lula tenha falado que a Vale “nada fez” em Brumadinho, a empresa assinou um acordo de medidas reparatórias com o Estado de Minas Gerais no valor de R$ 37 bilhões em fevereiro de 2021. Em comunicado divulgado em 15 de janeiro de 2024, a Vale afirma que também acertou acordos separados de indenização com 15.400 pessoas. O valor total é de R$ 3,5 bilhões.

A Vale foi perguntada se gostaria de se manifestar a respeito da mensagem publicada por Lula em seus perfis nas redes sociais. Respondeu que não vai comentar. A tragédia de Brumadinho deixou 272 mortos e causou um rastro de destruição ambiental. É considerado o maior desastre humanitário da história do Brasil.

Tribuna do Norte

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