As tendências, aplicações e desafios do setor fotovoltaico são destaque em Natal até a próxima quinta-feira (30), durante a realização do 10° Congresso Brasileiro de Energia Solar (CBENS). O evento, promovido sob coordenação do Laboratório de Energia Solar do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), teve a abertura oficial na manhã desta terça-feira (28). A programação seguiu durante todo o dia, com debates importantes para a cadeia.
As duas temáticas foram debatidas em uma mesa redonda, com participação da professora Aline Pan, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e coordenadora da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar. Dentre as aplicações para o segmento, segundo ela, são foco de discussões a integração da energia solar a edificações já construídas. “Discutimos basicamente três pontos: adaptação das construções à fotovoltaica, com implementações que fiquem interessantes tecnicamente e economicamente. Discute-se muito como fazer a integração fotovoltaica em edifícios que já estão prontos e também em novas estruturas”, explica a professora.
“Outro tema bastante interessante é o agrofotovoltaico. Somos um País que temos muito agro, então, é preciso conhecer maneiras de associar áreas de plantação com fotovoltaica sem prejudicá-las”, completa. O terceiro ponto debatido foi o descarte de resíduos. “É preciso entender o que se faz com o descarte de módulos fotovoltaicos. Nesse ponto, debatemos, inclusive, eventos extremos, como a questão das inundações. Hoje, o RS é o terceiro estado do Brasil que mais tem fotovoltaica, mas quase tudo se perdeu com as enchentes. Então, o que se faz com os módulos? Como o País está enfrentando essa questão”?, questiona a docente.
A abertura do Congresso, que tem Natal como cidade-sede pela primeira vez teve a participação de entidades importantes para o desenvolvimento do setor no RN. Rodrigo Mello, diretor do Senai-RN e do ISI-ER, destaca a importância do evento para o RN, que tem forte potencial no escopo da energia solar.
“Esse evento em Natal chega em uma ocasião onde o Brasil ultrapassa a barreira dos 40 GW de energia solar e de 30% da capacidade instalada em fontes renováveis. Nós que temos o centro de referência para tratar pesquisa e inovação para este setor, sediamos agora o maior congresso brasileiro que aborda tecnologia, ciência e problemas do segmento. Tudo isso culmina em um momento de maturidade e de participação efetiva no assunto”, diz Mello.
Marcelo Rosado, vice-presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern) e presidente da Comissão Temática de Meio Ambiente da instituição, ressalta que o evento é primordial para trazer luz a questões que estão de acordo com a realidade potiguar. “É importante porque a tecnologia de geração de renováveis, em especial a solar, gera muitas oportunidades de desenvolvimento e agrega valor para a nossa região”, comenta.
Rosado lembra que há desafios para o setor. “Nosso maior desafio vai ser descobrir para onde jogar a energia gerada. A discussão em torno da acessibilidade, no entanto, torna essa energia mais viável, à medida que é possível mostrar que há tecnologia e que dá para jogar essa geração dentro das principais redes. Com isso, consegue-se atrair investimentos para o estado e direcionar as empresas para mais perto da produção”, pontua.
Rubens Maribondo, Pró-reitor de Pós-Graduação da UFRN, destacou que o Congresso evidencia a importância do Estado para o setor. “No momento em que a gente tem eventos dessa natureza, discutindo os temas da energia solar, normalmente, observa-se resultados de muita colaboração e avanço científico, o que contribui fortemente para que a UFRN e o Rio Grande do Norte desempenhem um papel de referência. A universidade tem trabalhado com energias renováveis desde a década de 1980, praticamente, sempre preocupada em renovar portfólio, através da formação de alunos de graduação, mestres e doutores, preparados para atuar neste mercado”, disse.
Rodrigo Mello garante que os desafios do setor serão superados com colaboração importante do Senai. “Hoje são discutidos problemas dos parques de geração (como por exemplo, por que módulos estão quebrando), problemas de eventos da nossa radiação que gera melhor ou pior condição de produção de energia e outros. E, somente grandes conhecedores conseguem descobrir caminhos. Nosso centro de tecnologia pretende juntar esses especialistas em sua rotina diária para, a partir de projetos desenvolvidos, dar melhores repostas a essas perguntas, que não são estáticas”, aponta.
Tribuna do Norte