O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), autorizou a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar “a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades”.
Pacheco leu no plenário o requerimento para a abertura da CPI, apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS). Esse é o primeiro passo para a abertura da CPI. Agora, cabe aos líderes partidários indicar os representantes de cada bancada no colegiado para que a comissão possa ser instalada.
“A Presidência comunica ao plenário que recebeu requerimento de autoria da senadora Soraya Thronicke e outros senadores que solicitam a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito, composta de 11 membros titulares e 7 membros suplentes para, no prazo de 130 dias, com o limite de despesas de R$ 110 mil, para investigar a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades”, anunciou Pacheco.
Apesar de a leitura ser um ato formal do presidente do Senado, em muitos casos, os pedidos acabam na gaveta da Mesa Diretora da Casa. A CPI da Covid, por exemplo, acabou no Supremo Tribunal Federal, que teve que mandar o presidente do Senado dar andamento ao pedido.
Essa será a segunda CPI para apurar apostas eletrônicas. Já há uma comissão do tipo em andamento no Congresso, focada em acusações de manipulação de resultados esportivos para que pessoas lucrassem com apostas.
Segundo uma pesquisa realizada pela fintech Klavi, 30% dos brasileiros com contas em bancos já buscaram empréstimos nos últimos 12 meses para financiar apostas em ‘bets’.
O levantamento mostra um perfil de aposta variável por indivíduo. Dos correntistas que fizeram empréstimos para custear os jogos, o gasto médio por apostador foi de R$ 1.113,09. Porém, em alguns casos, os valores são maiores.
Para 5% das pessoas que realizaram apostas, os valores gastos com as bets foram em torno de R$ 4 mil, enquanto em casos mais extremados, há casos de apostadores contumazes que chegam a desembolsar valores acima de R$ 50 mil nas apostas, antes de recorrerem aos empréstimos bancários. A empresa analisou o comportamento de crédito de 5 mil clientes de todo o território nacional para entender como o público gastava em sites de apostas e jogos de azar via aplicativos.
A companhia usou seu banco de dados e informações obtidas por meio do Open Finance para compilar as informações de forma anônima. Ela verificou o extrato dos correntistas, separou os demais gastos e comparando com os pagamentos feitos a CNPJs vinculados a empresas de apostas.
Tribuna do Norte