Circula nas redes sociais uma imagem que atribui à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma recomendação de combate ao mosquito da dengue que envolve a aplicação de cloro e sal nos ralos de casa. É #FAKE.
“Utilidade Pública. Vigilância Sanitária pede, como medida de segurança: Colocar meio copo de cloro e uma colher de sal, na segunda e na sexta-feira, em todos os ralos que tiver em sua casa. O problema da dengue está mais sério, em escala de epidemia nacional. Por favor, repasse para todos os seus contatos!”
⚠️ Por que o conteúdo é mentiroso?
- A agência explica que a água sanitária, que tem cloro, é reconhecida como agente saneante e confirma que o produto pode ser usado no combate às larvas do mosquito da dengue, como expresso nos rótulos desses produtos – daí, o uso do produto na limpeza de piscinas.
- Já o sal é classificado como produto alimentício, não saneante.
- “Por isso, a mistura é desnecessária. Não reconhecemos evidências que o sal tenha as propriedades necessárias para combater o mosquito da dengue”, diz a assessoria de imprensa da Anvisa.
- A Anvisa diz que não há veto específico para o uso de cloro nos ralos, mas esta não é considerada uma medida determinante para o combate ao mosquito da dengue, uma vez que ralos de funcionamento normal não são áreas de acúmulo de água.
- Contra o Aedes aegypti, a orientação é pela utilização de produtos desinfestantes, como inseticidas e repelentes devidamente registrados.
🚫 Quais são as outras evidências de que se trata de fake news? O conteúdo tem características comuns a preças de desinformação propagadas na internet:
- usa tom alarmista;
- não traz uma referência específica (fala-se em “Vigilância Sanitária”, em vez de mencionar a Anvisa como fonte, ou as Vigilâncias Sanitárias de cada um dos estados brasileiros);
- e pede ao usuário que compartilhe com o maior número de contatos possível.
▶️ O que o Ministério da Saúde recomenda? A principal medida de combate ao mosquito é a desobstrução de locais onde há água parada — vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção e até mesmo tampinhas abandonadas. Nesses locais, ocorre a reprodução do Aedes aegypti e a proliferação de larvas. Veja as ações recomendadas pela pasta:
- remoção de recipientes que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
- vedação dos reservatórios e caixas de água;
- desobstrução de calhas, lajes e ralos;
- e participação na fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O aumento da circulação de fake news sobre dengue ocorre em meio a uma alta de casos da doença. Em 19 de fevereiro de 2025, o governo de São Paulo decretou situação de emergência em todo o estado.
A medida é implantada sempre que o estado atinge um índice de 300 casos confirmados da doença para cada 100 mil habitantes — no ano passado, isso ocorreu no início de março.
Até a última atualização desta reportagem, SP já havia registrado 124.380 casos confirmados de dengue em 2025 — outros 81,7 mil casos estavam sendo investigados.
g1