O porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou nesta terça-feira (20) que os EUA discordam do comentário de Lula que comparou a guerra contra os terroristas do Hamas ao Holocausto judeu. Segundo Mathew Miller, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken vai informar essa posição a Lula em reunião que ocorre nesta quarta-feira (21).
“Obviamente nos discordamos desse comentário [de Lula]. Fomos bem claros em dizer que não acreditamos que um genocídio ocorreu em Gaza. Queremos ver o conflito terminar quanto antes. Queremos ver a assistência humanitária aumentar de forma sustentada para os civis inocentes de Gaza, mas não concordamos com aqueles comentários,” disse.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, está a caminho do Brasil para uma reunião com Lula. O encontro está previsto para esta quarta-feira (21). A princípio, o secretário vem para enfatizar o apoio norte-americano à presidência do Brasil no G20 e a parceria Brasil-EUA pelos direitos dos trabalhadores, além do suporte à cooperação na transição para a energia limpa e às comemorações do bicentenário das relações diplomáticas entre o Brasil e os EUA. No entanto, a repercussão negativa das falas de Lula deve entrar na pauta da reunião.
Blinken vai visitar Brasília e Rio de Janeiro. Na capital fluminense, o secretário vai participar da reunião de ministros das Relações Exteriores do G20. Um dos objetivos é engajar líderes mundiais para “aumentar a paz e a estabilidade, promover a inclusão social, reduzir a desigualdade, acabar com a fome, combater a crise climática, promover a transição para a energia limpa e o desenvolvimento sustentável e tornar a governança global mais eficaz”.
A declaração de Lula foi dada durante entrevista coletiva realizada no último domingo (18), depois da participação do presidente na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus”, afirmou o petista na ocasião.
EUA vetam cessar-fogo na Faixa de Gaza
Os Estados Unidos vetaram, na terça-feira (20), o projeto apresentado no Conselho de Segurança da ONU pela Argélia, que exigia “um cessar-fogo humanitário imediato que deve ser respeitado por todas as partes”. Apesar disso, nos bastidores, Washington negocia uma resolução que propõe um cessar-fogo temporário “assim que possível” e alerta Israel contra a invasão da cidade de Rafah, no sul de Gaza, para onde mais de um milhão de pessoas fugiram, de acordo com uma cópia do documento obtido pelo New York Times.
Treze membros do conselho votaram a favor, e o Reino Unido se absteve. “Não podemos apoiar uma resolução que poria em risco negociações sensíveis”, afirmou Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos Estados Unidos na ONU. “Não se trata, como afirmaram alguns membros, de um esforço americano para encobrir uma iminente incursão terrestre, mas, sim, de uma declaração sincera de nossa preocupação com o 1,5 milhão de civis que buscaram refúgio em Rafah”, disse.
Tribuna do Norte