Um novo prognóstico realizado nesta segunda-feira, 6, pelos cientistas que anteciparam a cheia recorde do Lago Guaíba aponta que a enchente persistirá por ao menos mais 10 dias em Porto Alegre e mais cidades da região metropolitana do Rio Grande do Sul. Os pesquisadores alertam que a cheia recorde pode se estender por ainda mais tempo caso se confirme a previsão de chuva para o próximo fim de semana.
Há lentidão no escoamento do acumulado de água, com enchente principalmente em bairros das zonas central, norte e sul da capital, além das ilhas, onde muitos moradores seguem isolados e sem acesso a itens básicos há dias. Com ao menos 364 municípios afetados pela maior tragédia ambiental de sua história, o Rio Grande do Sul enfrenta uma crise de saúde, com parte dos hospitais e unidades de saúde afetados pela enchente e dificuldade no abastecimento de insumos essenciais.
SAÚDE
Hospitais de campanha começaram a operar desde domingo, 5, enquanto diversos locais seguem isolados e com difícil acesso no interior e na região metropolitana de Porto Alegre. Cirurgias, consultas e procedimentos eletivos foram suspensos em grande parte das redes pública e privada.
“É um momento difícil de descrever: a situação é caótica, dramática no Estado do Rio Grande do Sul”, respondeu, ao Estadão, Cacildo Goulart Delabary, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS) e secretário de Lavras do Sul.
“Há municípios que estão mais de 90% debaixo de água, que não têm unidade de saúde funcionando”, diz. A situação preocupa ainda mais porque a água deve demorar ao menos 10 dias para baixar da cota de inundação em Porto Alegre.
Terceira maior cidade do Estado e localizada na região metropolitana, Canoas teve a maior parte da rede de saúda afetada. Segundo o prefeito Jairo Jorge (PSD), o Hospital de Pronto-Socorro, três UPAs, três farmácias municipais, 4 Centros de Atenção Psicossocial e 19 dos 27 postos de saúde foram afetados e estão inoperantes.
DECRETO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou, nesta segunda-feira, 6, um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para dar celeridade às ações do governo federal de assistência ao Rio Grande do Sul. De acordo com o chefe do Executivo, este será o primeiro de um grande número de atos que a gestão assinará de apoio ao Estado.
“Nesta reunião, vou assinar uma mensagem e enviar ao Congresso Nacional um projeto de decreto legislativo que visa dar celeridade para que as coisas atendam a necessidade do Rio Grande do Sul”, afirmou Lula nesta tarde. “O decreto é o primeiro passo para as coisas começarem a andar.” O texto, que ainda precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado, autoriza a União a fazer despesas e renúncias fiscais em favor do Rio Grande do Sul sem precisar cumprir regras sobre limite de gastos. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não é possível ainda ter o custo para reconstruir o Estado, já que ainda há áreas alagadas. O ministro da Integração Regional, Waldez Goés, estimou que será necessário cerca de R$ 1 bilhão somente para recuperar as rodovias gaúchas.
AEROPORTO
O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, segue com operações suspensas por tempo indeterminado, segundo a Fraport Brasil, empresa que administra o aeroporto, por causa das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul. O aeroporto está fechado desde sexta-feira, 3.
Tribuna do Norte