Três indígenas do povo Tembé foram baleados nesta segunda-feira (7), em Tomé-Açú, no nordeste do Pará. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), as vítimas seriam duas mulheres e um homem, que foram socorridos. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) reforçou o policiamento na área do conflito. Em protesto, uma rodovia foi parcialmente fechada no Pará – veja mais abaixo.

Após os indígenas serem baleados em Tomé-Açu, pessoas de diferentes etnias foram às ruas em Belém, distante cerca de 200 quilômetros. Eles protestaram em apoio aos indígenas envolvidos no conflito nas ruas próximo do Centro de Eventos na capital, onde ocorre a Cúpula da Amazônia.

A CPT também cobrou providências: “Diante da gravidade da situação e destes recorrentes ataques, exigimos que sejam tomadas providências urgentes no sentido de investigar e apurar rigorosamente estes crimes, com a devida responsabilização dos culpados”.

Em nota, a CPT informou que uma das vítimas foi atingida no pescoço e no maxilar e, por conta da gravidade dos ferimentos, foi encaminhada para Belém por meio de UTI aérea.

A CPT informou ainda que os disparos foram feitos por seguranças privados de uma empresa exploradora de dendezais na região. Já a empresa, em nota, chama os indígenas de invasores e alega que seus seguranças reagiram após equipamentos serem incendiados e edificações, destruídas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), providências estão tomadas “para esclarecer as circunstâncias do ocorrido. A Segup destaca que o policiamento na área foi reforçado e que as Polícias Civil e Militar estão em diligências para esclarecer os fatos e instaurar inquérito para investigar e identificar os suspeitos”.

Os indígenas dizem ter sido baleados após realizarem um protesto cobrando agilidade nas investigações após um jovem Tembé ser baleado dentro da aldeia Bananal, na última sexta-feira (4).

Em nota, a empresa mencionada pelos indígenas como responsável pelos disparos alega que seguranças reagiram à invasão com equipamentos incendiados e edificações destruídas. “O Grupo BBF (Brasil BioFuels) esclarece que o Polo de Tomé-Açu, propriedade privada da empresa composto pela Agrovila, Administração Geral e Áreas de Infraestrutura, foi novamente invadido e teve equipamentos incendiados e edificações destruídas”.

Ainda segundo a empresa, “na ação, cerca de 30 invasores armados ameaçaram e agrediram trabalhadores da empresa no local, antes de incendiar dezenas de tratores, maquinários agrícolas e edificações da empresa. Em defesa, a equipe de segurança privada da Companhia conseguiu conter a ação criminosa dos invasores e resguardar a vida dos trabalhadores que estavam no local”. A empresa não especificou quantos equipamentos teriam sido destruídos e diz que “já tomou as medidas jurídicas cabíveis junto ao poder judiciário”.

Interdição da PA-140

Após os três indígenas serem baleados, um grupo foi protestar em frente ao 48º Batalhão de Polícia Militar do distrito de Quatro Bocas, em Tomé-Açu.

Pneus foram queimados e os indígenas bloquearam uma das faixas da PA-140 na tarde desta segunda-feira. Agentes do Batalhão de Choque da PM estiveram no local. Por volta das 18h, o g1 aguardava retorno das autoridades rodoviárias sobre a situação na via.

Por g1 RN

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