No CEI Romualdo Galvão, Dia da Paz foi instituído em 2023. Escola tem programa de saúde mental. Foto: Alex Régis

O Dia da Paz e Gentileza nas Escolas, que nomeou um movimento nacional em abril deste ano, agora integra a agenda de datas alusivas do Rio Grande do Norte. A data foi instituída pela Lei nº 11.517, sancionada pelo Governo do Estado na última quarta-feira (1º), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de ações e campanhas educativas voltadas à valorização da vida e promoção da harmonia nas instituições de ensino. A proposta é que as atividades sejam realizadas anualmente no dia 20 de abril, tendo como público-alvo não apenas os alunos, mas toda a comunidade escolar. A Lei nº 11.517 é de autoria do presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira.

No CEI (Romualdo Galvão e Roberto Freire), o Dia da Paz nas Escolas ganhou adesão ainda em abril deste ano. O objetivo foi amenizar o sentimento de terror que vinha rondando as instituições de ensino – devido aos ataques a creches e escolas registrados  no país -,  a partir de demonstrações de gentileza e afeto. Para além do movimento pontual, há mais de cinco anos a instituição conta com um programa de saúde mental e bem-estar voltado à comunidade escolar. Letícia Segantini, professora de habilidades socioemocionais na instituição, esclarece que as atividades são divididas em dois eixos: prevenção e pós-venção.

Em geral, esclarece a docente, as atividades contemplam tanto trabalhos individuais quanto coletivos. “A gente tem o programa de habilidades socioemocionais que é na sala de aula, então todas as semanas todas as turmas têm acesso ao Laboratório Inteligência de Vida (LIV), que é uma atividade pedagógica para trabalhar atividades socioemocionais”, complementa. Somado a isso, outros projetos destacados por ela são os de intervenção, como anti-bullying, além de trabalhos em datas comemorativas como Setembro Amarelo.

Embora o CEI (Romualdo Galvão e Roberto Freire) carregue uma trajetória de metodologias voltadas ao bem-estar do corpo estudantil e da escola como um todo, Letícia Segantini avalia que a  Lei Estadual pode ser observada como um maior compromisso do Estado com o levante de questões sobre saúde mental nas escolas. No movimento “Dia da paz nas Escolas”, realizado quando a data não era lei no Rio Grande do Norte, ela assegura que o clima na instituição foi positivamente impactado por meio do trabalho conjunto de pais, estudantes e professores.

A estudante Natália Santiago, de 17 anos, integra o Grêmio Estudantil do CEI Romualdo Galvão e foi uma das alunas que deram suporte na efetivação da atividade. Apesar de simbólica, aponta, a iniciativa permite relembrar a importância da gentileza com o próximo e transmitir um sentimento de maior segurança aos alunos. Nas palavras dela, perceber a sensibilidade da escola em acolher a comunidade em um momento de ‘ansiedade e agonia’ foi como um abraço.

Se, por um lado, o cenário no CEI (Romualdo Galvão e Roberto Freire) é de ações consolidadas, a nível Estadual passos ainda precisam ser dados. No Rio Grande do Norte,  51, 3 % dos diretores de escolas, ouvidos pelo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira em 2021,  apontaram a existência de projetos temáticos voltados à discussão da violência nas instituições que trabalham. Embora represente mais da metade dos 1.639  profissionais entrevistados, o percentual está abaixo da média nacional, de  55,7%, e está entre as menores do Nordeste, superando apenas Maranhão (47,3%) e Piauí (45,3%). Os dados foram divulgados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023.

A Escola Estadual em Tempo Integral Vereador José Moacir de Oliveira (JMO), localizada em São Gonçalo do Amarante, está entre as escolas da rede pública estadual que apresentam iniciativas voltadas à cultura da paz. O professor Alessandro Apolinário, diretor da instituição e mestre em Direitos Humanos,  aponta que em 2022 um projeto foi estruturado visando combater o bullying na instituição.

O trabalho junto aos estudantes, no entanto, ocorre apenas de maneira pontual quando há ocorrências de conflitos na comunidade escolar. “Quando a gente faz a análise e percebe que tem a ver com preconceito e discriminação, nós  geralmente executamos o projeto”, complementa.

Tribuna do Norte

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