O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado nesta segunda-feira (30/9) sobre o silêncio em torno da questão da Venezuela durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na última semana. Na ocasião, o chefe do Executivo tratou das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, mas poupou comentários sobre a crise no país vizinho.
Questionado por jornalistas sobre o tema, Lula disparou: “Por que eu tenho que falar da Venezuela em todo lugar? Eu não falo nem da Janja em todo lugar. Eu falo o que me interessa falar. O discurso que eu queria fazer era aquele”, reclamou o presidente durante viagem ao México.
O Brasil atua como mediador nas discussões sobre as eleições venezuelanas, contestadas em meio a acusações de fraude. Junto à Colômbia, o país pede a divulgação das atas eleitorais para reconhecer o resultado do pleito. As eleições na Venezuela foram realizadas em 28 de julho e deram a vitória a Nicolás Maduro.
O titular do Planalto defendeu a continuidade diálogo e afirmou que é necessário “comedimento” nas ações. “Eu tenho muito interesse que a Venezuela volte à normalidade democrática. É um país que tenho boa relação, tem 1,6 km de fronteira com o Brasil, é um país que eu quero que esteja em paz”, ressaltou Lula.
“É importante que a gente tenha comedimento no nosso comportamento, porque se eu acho que a pessoa errou e eu achar que tenho que radicalizar para consertar esse erro, eu vou criar um caminho sem volta. Eu, em política, sempre costumo deixar uma porta aberta.”
Mercosul e UE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também disse, na segunda-feira (30), acreditar na conclusão, até o fim do ano, do acordo entre Mercosul e União Europeia (UE).O chefe do Executivo falou sobre o assunto em evento com empresários mexicanos e brasileiros no México.
“Quero dizer para os companheiros empresários mexicanos: ainda este ano, se Deus quiser, nós vamos fechar o acordo Mercosul e União Europeia. Está pronto. E o Brasil está pronto para assinar esse acordo para ninguém nunca mais falar que é a América do Sul que não quer”, disse Luiz Inácio Lula da Silva.
O acordo entre o Mercosul e o bloco europeu é tratado há mais de 20 anos. As negociações foram travadas devido às preocupações europeias com as salvaguardas ambientais e às queixas do bloco comercial sul-americano de que essas questões são motivadas pelo protecionismo.
Lula afirmou que o acordo pode também ser estendido para a América Latina. “O mundo está precisando disso. A economia está um pouco atrofiada no mundo inteiro e nós temos mercado para isso”, declarou.
Lula condena ataques de Israel
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenou nesta segunda-feira (30) os ataques de Israel no Líbano e afirmou que há uma “chacina” em curso na Faixa de Gaza. As declarações foram dadas durante o Fórum Empresarial México-Brasil, na Cidade do México, capital do país.
Segundo o petista, o governo de Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, está “atacando e matando pessoas inocentes” na tentativa de atingir o Hezbollah e o Hamas no Líbano e na Faixa de Gaza, respectivamente.
“A guerra é a prova da insanidade do ser humano. A guerra é a prova da incapacidade civilizatória do cidadão, que acha que ele pode, na explicação de que ele precisa se vingar de um ataque, fazer matança desnecessária com pessoas que não têm nem como se defender”, declarou.
Lula também declarou que o Brasil não tem “contencioso” nem deseja ter um e que, por isso, é também contra a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Disse que o conflito não traz benefício “a absolutamente ninguém”.
TENSÃO
Líbano e Israel passam por um momento de grande tensão. Israel e Hezbollah travam um conflito na fronteira desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, depois de um ataque do Hamas, aliado do grupo extremista libanês.
No sábado (28), as FDI (Forças de Defesa de Israel) confirmaram a morte de Hasan Nasrallah, principal chefe do Hezbollah.
Israel voltou a atacar o Líbano na noite de domingo (29) e na madrugada da segunda-feira (30). Os militares atingiram pela 1ª vez nesta guerra o centro de Beirute.
O conflito se intensificou depois de 2 ataques a dispositivos de comunicação utilizados pelo grupo extremista. O Líbano acusa o país judeu, que nega autoria. As explosões de pagers e walkie-talkies em meados de setembro deixaram ao menos 32 mortos e mais de 3.000 feridos.
A tensão escalou ainda mais depois de Israel lançar um grande ataque aéreo em 23 de setembro e provocar uma evacuação de libaneses. Outro ataque israelense no dia seguinte elevou o número de mortos para 558. Israel argumenta que as operações têm como alvo os líderes do Hezbollah.
Desde então, as FDI vêm realizando ataques diariamente a locais que, segundo os militares, são ligados ao grupo extremista Hezbollah. São os ataques aéreos mais intensos em quase 1 ano de conflito na região.
Tribuna do Norte