A busca por uma alimentação de qualidade vem ocupando 42,54% do salário líquido mínimo do natalense. Isso é o que aponta o levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em que apresenta Natal como o terceiro maior valor de venda da cesta básica entre as capitais da região Nordeste, com R$555,68. Durante o mês de agosto, o número fica atrás somente de Fortaleza (R$630,48) e Salvador (R$560,72). Para lidar com esses custos de alimentação, a população vem apostando na diminuição do consumo de alguns alimentos.
Esse é o caso de Conceição Peixoto, 71, que frequentemente marca uma ida ao supermercado para repor as necessidades da residência. De acordo com ela, diante dos altos valores, foi preciso diminuir a quantidade de café entre os três familiares. “Antes eu comprava pelo menos três pacotes, hoje estou levando um. Infelizmente não dura nem uma semana, mas só posso comprar mais quando aparecer mais dinheiro”, explica.
Para Luizenete do Nascimento, 68, a situação não é diferente, que afirma comprar o básico apenas para suprir as necessidades. “Hoje estou levando o café do pacote [de café] menor porque está muito caro. Antes eu comprava por R$9,00 e hoje já está por volta de R$12,00”, afirma.
De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, pelo menos cinco alimentos sofreram alta entre os meses de julho e agosto, com o café despontando na liderança por 6,84%, seguido da banana (4,70%), óleo de soja (2,18%), carne bovina de primeira (1,12%) e pão francês (0,35%).
Considerada uma capital com um amplo público consumidor, parte dos alimentos que apresentam altas não são produzidos em territórios fora do Rio Grande do Norte, o que gera um maior custo para os natalenses. Isso é o que afirma o economista Robespierre do O’. “Se esses produtos vêm de fora, significa que ele vem de frete. Frete consome diesel, diesel tem despesa e com isso aumenta custo. São fatores que acabam influenciando no preço”, explica.
Para o especialista, esses aumentos são percebidos com preocupação, principalmente a partir da diminuição do poder de compra dos grupos mais vulneráveis economicamente. “A hora que você tem aumento do preço da cesta básica acaba influenciando no consumo deles, porque eles terão menos dinheiro para comprar e precisarão de mais recursos para comprar aqueles alimentos”, afirma Robespierre do O’.
Marquilene Luisa, 49, visita o supermercado mensalmente e afirma gastar aproximadamente R$1.500 entre compras para alimentação. De acordo com ela, agosto teve um aumento nessa despesa de pelo menos R$200,00 no orçamento. “O jeito é comprar, porque não podemos morrer de fome. Para tentar driblar isso, estou substituindo marcas que eu gosto por outras mais baratas”, explica.
Para quem busca equilibrar os custos de alimentação diante desses preços, o economista aconselha trocar produtos que estão em época de baixa safra e começar a consumir aqueles alimentos que estão em alta, além de estar atento a opções de promoção entre os supermercados da região.
Essa dica é seguida por Fernando Luís, 65, que está sempre atento a buscar os melhores preços. Por ser hipertenso, dificilmente ele consegue substituir algum alimento fora do planejamento. “Estou sempre procurando promoções para poder me adequar com esses preços, como dias de fruta, carne e sempre no final do mês aparecem valores melhores”, afirma.
No acumulado em comparação a agosto de 2023, o preço médio da cesta básica em Natal apresentou uma redução de 4,39%. Nesse período, foram registrados pelo menos seis reduções: tomate (-52,86%), farinha de mandioca (-11,67%), feijão carioquinha (-6,67%), manteiga (-3,34%). carne bovina de primeira (-0,96%) e leite integral UHT (-0,80%).
Tribuna do Norte