A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que vai até esta quarta-feira (31), não deve trazer surpresa. É unânime entre os analistas do mercado financeiro, a projeção de que a taxa de juros será mantida nos atuais 10,5%. Mas, com as incertezas que cercam a economia, vem crescendo na avaliação de economistas — embora ainda não seja o cenário base — a possibilidade de a taxa de juros voltar a subir ainda este ano.
O debate sobre a necessidade de um eventual aumento dos juros surgiu para o mercado no início de junho, após o dólar ter escalado até uma máxima de R$ 5,70 na cotação intradiária. Agora, a moeda opera acima da linha de R$ 5,60, mais de 6% acima dos R$ 5,30 usados nos cenários do Copom, e as expectativas de inflação continuam subindo.
Essas variáveis devem levar a um aumento das projeções de inflação do BC, incluindo a estimativa de um IPCA de 3,1% em 2025 em um cenário alternativo, com juros estáveis em 10,5% até o fim do próximo ano. Uma elevação dessa estimativa para a inflação poderia sugerir que apenas manter a Selic seria insuficiente para fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 3%.
“(Esse cenário) aponta para uma longa pausa no ciclo de normalização das taxas e para um crescente risco de aumento dos juros no curto prazo”, analisa o economista e diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Tribuna do Norte