De São Miguel do Gostoso a Tibau, no litoral Norte, o Rio Grande do Norte tem onze áreas para o desenvolvimento de infraestruturas de transmissão da energia offshore (no mar) a ser gerada em futuros complexos eólicos. O estudo foi apresentado nesta quarta-feira pelo governo do Estado em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), que integra o Sistema Fiern.
Intitulado de “Avaliação de estratégias locacionais para o desenvolvimento de infraestruturas de transmissão de energia no suporte ao setor eólico offshore do Estado do Rio Grande do Norte” o mapeamento foi anunciado como inédito no Brasil e aponta as áreas mais promissoras para escoamento da energia eólica offshore, a “energia dos ventos” gerada a partir de turbinas instaladas no mar, na mesma região onde está prevista a implantação do porto-indústria verde. O levantamento complementa o estudo já lançado do Atlas Solar e Eólico do Rio Grande do Norte, voltado para a capacidade de energia no Estado.
De acordo com o Diretor do Senai/RN, Rodrigo Mello, a iniciativa fortalece a ambiência de captação de investimentos para o Rio Grande do Norte. “A gente disponibiliza uma série de informações para que o empreendedor tome sua decisão de como, onde e o porquê fazer, de forma que, passo a passo, a gente vai fortalecendo ainda mais o ambiente de geração de energia e de captação de novos negócios”, disse ele, que também é diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
Na prática, segundo diz, o estudo informa aos investidores e à sociedade de modo geral os pontos do Estado para a entrada de escoamento da produção, além de alguns pontos impeditivos para outras áreas e os motivos. “A gente ganha tempo, antecipa um processo estratégico de tomada de decisão das empresas para fortalecer e trazer com mais velocidade o início da operação de energia offshore”, complementa o diretor.
A metodologia incluiu a análise de dados oficiais, visitas em campo, além do desenvolvimento e uso de um modelo computacional que simula as infraestruturas de conexão dos futuros parques offshore. As áreas apontadas como mais promissoras para implantação da infraestrutura de escoamento da energia estão localizadas no Litoral Norte e demandarão outros estudos e análises por parte do Estado para seleção de quais, entre elas, seriam as zonas prioritárias de investimentos.
A governadora Fátima Bezerra, disse que foi dado um passo importante, levando em consideração a capacidade que o estado tem na área de energias renováveis. “Contribui e dá suporte para identificar qual a infraestrutura mais adequada no sentido de escoamento da transmissão de energia eólica. Sem dúvidas, o Rio Grande do Norte sai na frente e mostra a todo o país que está preparado para avançar na produção de energia offshore”, disse ela.
De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Energético do governo, Hugo Fonseca, o mapeamento é inovador porque dá segurança às empresas que já saberão onde podem instalar a insfraestrutura de transmissão. “Essa infraestrutura chega antes da geração de energia. Já tendo as definições dos pontos de entrada de conexão do mar ao continente, com menor impacto possível ao meio ambiente, menor custo possível e maior segurança jurídica, já faz com que os projetos sejam feitos de forma mais segura e planejada”, pontua
Os principais resultados serão disponibilizados ao público na plataforma online webmapisi-er.onrender.com.
Transmissão
O levantamento considera fatores técnicos, ambientais, econômicos e sociais relacionados à implantação da infraestrutura necessária para que a energia prevista nesses empreendimentos consiga se conectar à rede e chegar ao público consumidor.
O coordenador de Desenvolvimento Energético do governo explica que a infraestrutura de transmissão precisa ser antecipada. “Quando faz o estudo como esse determinando onde podem ser construídas a subestações e onde passar área de conexão, é fundamental no processo de evitar a dificuldade para escoar a produção como ocorreu no passado quando os parques ficaram prontos, mas sem ter como escoar”, ressalta Hugo Fonseca.
Programa do Hidrogênio Verde sai em novembro
Está previsto para o dia 14 de novembro o Programa Norte-riograndense do Hidrogênio de Baixo Carbono. A equipe do governo estadual aguardava as definições do programa nacional para finalizar o projeto local fazendo as adequações necessárias. “Estamos agora fazendo os ajustes e refinando a parte que envolve a para tributária e fiscal para os novos produtores e consumidores do hidrogênio. O dia previsto para apresentar o nosso programa é o dia 14 de novembro”, informou Hugo Fonseca, coordenador Desenvolvimento Energético do Estado.
A cadeia de hidrogênio verde está diretamente ligada ao estudo que foi apresentado nesta quarta-feira porque alguns parques precisarão das linhas de transmissão para destinar a energia produzida no sistema nacional e, nesse caso, precisa que os leilões de transmissão do Governo Federal aconteçam. Contudo, outros o fazem de forma independente por meio da autogeração, quando as desenvolvem o parque para gerar energia para fornecer para si ou para uma indústria próxima.
“Quem se enquadra nesse processo é a indústria de hidrogênio, que consome muita energia. Grande parte das indústrias de hidrogênio vão utilizar a autogeração com seus próprios parques para gerar energia para si. Os projetos que estão no Ibama estão sendo projetados justamente para essa cadeia do hidrogênio verde”, diz Fonseca.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), há, atualmente, 10 projetos cadastrados para o estado à espera de licenciamento.
Os projetos deverão ocupar a região do porto-industria verde, a ser implantado no litoral do município de Caiçara do Norte. O Governo também está preparando o projeto de Parceria Público-Privada para a construção e gestão desse porto. Segundo Hugo Fonseca, o cronograma segue o previsto. Enquanto preparam a documentação para ser entregue ao IBAMA, o processo de desapropriações segue com uma empresa a ser contratada em dois meses para fazer o levantamento fundiário e dos valores das desapropriações dos imóveis. “Nossa intenção é antecipar, mas até o segundo semestre de 2026 é o prazo mais factível para termos o edital concluído e podermos lançá-lo”, declarou Fonseca.
Tribuna do Norte