O que nasceu como uma loja de representação de produtos mecânicos tornou-se um conglomerado de grandes negócios que, juntos, oferecem soluções para várias empresas dentro e fora do Rio Grande do Norte. Este é o resumo do grupo G. Trigueiro, cuja história se estende por mais de 30 anos comandada pelo engenheiro Gilvan Trigueiro Júnior. A chave para o sucesso diante da diversidade de negócios reunida pelo grupo pode ser resumida em poucas palavras: a aposta em boas parcerias, segundo o próprio Gilvan. À TN, o empresário falou sobre os próximos passos do grupo, que deve ampliar o faturamento em até 15% em 2024 e de como a empresa se adapta às inovações tecnológicas para atender às necessidades do mercado. Acompanhe:

Como surgiu o Grupo G. Trigueiro?
Tudo começou de um desejo que eu tinha de montar um negócio. O grupo G. Trigueiro ganhou vida em 2012, mas existe toda uma trajetória iniciada bem antes, em 1989, quando eu criei a Maquip. Era uma empresa que iria trabalhar com representação de produtos da área mecânica, porque minha formação acadêmica é Engenharia Mecânica. A ideia seria representar produtos como filtro para carros, engrenagens e outros. De forma paralela, montei uma assistência técnica junto com um colega na casa do meu pai, no Tirol [na zona Leste de Natal]. Mas, em vez disso, comecei a vender produtos de informática. Então, a Maquip, que inicialmente seria uma empresa na área mecânica, se tornou uma loja de informática. O negócio foi crescendo com produtos como locação de copiadoras, móveis para escritórios, gestão de documentos e outros. Hoje, empresas próprias e franquias fazem parte do grupo G. Trigueiro.

E quais são essas empresas?
Somos revendedores das copiadoras Sharp, temos a Marelli, que trabalha com móveis de escritório e é nosso carro-chefe neste segmento, e também a G. Office, responsável pela compra e venda de móveis. A Bicatecca trabalha com móveis de aço e a Predilecta atua com móveis planejados. Também integra o grupo a London, empresa de arquivos deslizantes. Montamos uma franquia, a Arquivar, que faz a gestão de documentos. Neste caso, a gente organiza toda a parte de documentação em um galpão enorme, de 2,5 mil metros quadrados em Macaíba, instalado em uma área de 16 mil m². No espaço, fazemos a parte de digitalização e temporalidade. Montamos, ainda, a TI Soluções, de terceirização de mão de obra de tecnologia da informação. Por último, no ano passado, nós adquirimos uma franquia, a Sankhya, que possui um dos melhores softwares de gestão empresarial do Brasil. O grupo G. Trigueiro é nosso projeto guarda-chuva, onde todos os demais ficam embaixo dele, com um modelo de negócio B2B (corporativo).

Em quais estados o grupo está presente?
Com a Sankhya, nós atuamos no RN e na Paraíba, assim como a Arquivar. Em Natal, nossa sede fica na Prudente de Morais [em Lagoa Seca]. Isso permitiu que o mercado nos conhecesse melhor. Temos algo em torno de 100 funcionários diretos, a maioria absoluta no RN – mantemos dois colaboradores na Paraíba.

Há planos de expansão para novos ramos?
Todos os novos negócios advêm da necessidade dos clientes, a exemplo do que já ocorre desde o começo. Em 2023, a gente iniciou com a Sankhya, em um período de implantação. Neste ano, a gente atua para deixar o negócio bem organizado e, a partir de 2025, nós podemos começar a pensar em outras oportunidades. E isso, óbvio, precisa de um planejamento intenso. Temos várias ideias, mas somente no próximo ano definiremos que negócio será esse. Uma coisa é certa: temos espaço excedente e capacidade financeira suficiente para a implantação de novos segmentos.

Qual o faturamento e a expectativa de crescimento do grupo?
Geralmente não divulgamos informações neste sentido, mas um ponto que posso mencionar é que, em 2024, o grupo espera crescer algo em torno de 10% a 15% em termos de faturamento.

Sua formação é Engenharia Mecânica. O que te fez despertar para o empreendedorismo?
Fui engenheiro do Departamento de Estradas e Rodagens [DER] em Mossoró e viajava muito a Fortaleza para visitar empresas, fornecedores e fazer compras. Eu via o mundo privado como um ambiente muito dinâmico. Isso me fascinou bastante. Quando ainda estava no DER comprei um telefone comercial, algo bem difícil à época, já pensando em montar meu negócio quando voltasse para Natal. Foi essa dinâmica que me despertou o desejo de ter uma vida diferente da que eu tinha como funcionário no Departamento de Estradas. Meus pais ficaram malucos, porque eu estava largando um emprego de carreira [risos].

O grupo G. Trigueiro é uma empresa familiar. Como é lidar com um negócio do tipo? Já se discute sucessão?
Meus amigos me diziam que eu tentei influenciar meus filhos para que eles se juntassem ao negócio. Sempre acreditei na liberdade de escolha dos dois, mas, uma vez que o mundo os influenciou de várias formas, decidi influenciá-los também, porque eu me satisfaço muito aqui. Eles vieram trabalhar cedo comigo e eu sempre disse que os ambos deveriam trabalhar para serem donos, muito além de herdeiros. Para isso, eles deveriam conhecer bem o negócio. Hoje, meu filho, Gilvan Neto [31 anos] é nosso diretor executivo. Ele está aqui desde os 17 e toca a parte operacional da empresa. Minha filha, Beatriz Trigueiro [28 anos] também está aqui há muito tempo. Ela é gerente de Gente e Gestão e toma conta do setor responsável pelo sucesso do cliente. Além disso, tem minha esposa, Rejane Trigueiro, que começou a me auxiliar quando a gente ainda namorava. Atualmente, Rejane é diretora financeira do grupo. A sucessão acontece desde o dia em que meus filhos vieram para cá. Hoje eles são sócios da empresa, com participação nos lucros e resultados. Estamos em uma fase bastante adiantada da sucessão. Daqui a um ano e meio, pretendo me afastar de todo o setor operacional e ficar somente na parte de novos negócios.

A que você atribui o crescimento e a consolidação do grupo nesses 35 anos?
A muita dedicação e planejamento financeiro, com bons investimentos, controle de custos e o desejo de crescer um degrau por vez. Um ponto muito importante é ter boas parcerias, o grande segredo para o sucesso dos negócios. Sempre nos preocupamos muito com isso. Diante da necessidade de saber escolher bem [as parcerias], procuramos fazer estudos com franqueadores e franqueados para sentir como seria o futuro de cada um.

Essas três décadas e meia de atuação trouxeram situações e mudanças importantes que precisaram ser encaradas como desafios. De que maneira vocês enfrentam os momentos de crise?
Exatamente através de muito planejamento. Durante muito tempo, vendi e fiz instalação de computador. Aí, começou o sistema plug and play – você comprava o computador e bastava ligá-lo na tomada. Então, a instalação é um tipo de serviço que o consumidor não precisa mais. O que fizemos? Buscamos outros serviços, como a locação de equipamentos. Volto a enfatizar que estamos sempre de olho nas necessidades do mercado. A Sankhya é um exemplo muito claro disso. Ela consiste em um software todo na nuvem, com Inteligência Artificial [IA] e uma ligação com o cliente por meio de voz. É um negócio que certamente vai crescer muito. Então, observar essas mudanças é importante, ao passo que alguns outros produtos nossos vão ficar cada vez mais difíceis de vender.

Você mencionou o uso da IA. De que modo ela já impacta os negócios do grupo?
A IA vai facilitar muito a vida dos usuários e, consequentemente, o trabalho das empresas. Não dá para dissociá-la dos negócios. Um software, por exemplo, precisa estar na nuvem, que é onde está todo o futuro da tecnologia. Vejo a Inteligência Artificial como mais uma revolução, assim como aconteceu com o fax e o celular. No meio de tudo isso, uma coisa é certa: o ser humano nunca será substituído.

Como você avalia o momento econômico atual do País?
Venho do tempo anterior ao Plano Real, no período dos chamados ‘fiscais do Sarney’, quando a gente era obrigado a vender tudo por um valor único depois que o então presidente tabelou preços. Então, acredito que o Brasil sempre terá problemas. Mas, o empresário precisa enxergar que, junto desses problemas, vêm as soluções. É aquela história de olhar o copo meio cheio e meio vazio. Nosso País exige das empresas, em qualquer época, muito planejamento, seja em relação a capital de giro, a fluxo de caixa ou a preços.

quem
Gilvan Trigueiro Júnior tem 61 anos, é engenheiro mecânico pela UFRN e sócio do grupo G. Trigueiro. Antes de montar o próprio negócio, ele atuou como engenheiro pela própria instituição de formação e também pelo DER. Atualmente, ele divide a atuação no grupo com os filhos, Gilvan Neto e Beatriz, e a esposa, Rejane Trigueiro.

Tribuna do Norte

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